São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 2006

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Relatório final irrita oposição e base governista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relatório final da CPI dos Correios apresentado ontem pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) não agradou nem a oposição nem a base governista. Os dois lados afirmam que vão sugerir mudanças no texto original que será votado na próxima terça-feira.
A oposição quer citar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de forma mais enfática no capítulo que trata do "mensalão". Também quer recolocar o nome de Fábio Luiz Lula da Silva, filho do presidente, quando o caso Gamecorp é descrito. O nome de Fábio foi suprimido por Serraglio.
Os governistas discordam da inclusão dos ex-ministros José Dirceu (Casa Civil), que teve o mandato de deputado cassado, e Luiz Gushiken (ex-Secretaria de Comunicação) entre os pedidos de indiciamento por envolvimento com o "mensalão" e por irregularidades em contratos públicos. Também aponta erros jurídicos nos pedidos de condenação de outros petistas.
O próprio presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), reconhece que houve alterações nas propostas iniciais encaminhadas ao relator, mas considera pequena a possibilidade de haver um relatório paralelo, como estava sendo cogitado nos últimos dias.
"Eventualmente a oposição e a situação apresentarão votos em separado. Acho que todo mundo tem que ceder, até para que a sociedade tenha o que espera."
Para o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), um dos sub-relatores da CPI, seria "fundamental e imprescindível" ter citado o filho do presidente Lula, como era a sugestão inicial. "Já registrei minha insatisfação", disse.
O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) rebate. Ele diz que não é possível incluir Lula nem o filho porque a Gamecorp não foi o objeto de investigação da CPI. Segundo Cardozo, apesar das polêmicas, será possível ter um relatório único. "Quem jogar para não ter um relatório final quer a impunidade. Aqueles que pretendem ter pizza vão investir na radicalização", afirmou.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) antecipou que em seu voto separado irá sugerir a inclusão do presidente Lula como "principal responsável pelo conjunto da obra". Por outro lado, Álvaro Dias diz que a inclusão do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) entre os pedidos de indiciamento foi "apenas uma medida para satisfação da base governista" pelo fato de que o crime eleitoral, que teria sido cometido em 1998, estaria prescrito.
Para justificar o pedido de indiciamento do ex-ministro José Dirceu e a não inclusão de Lula, o relator Osmar Serraglio fez uma comparação ao regime parlamentarista. "O José Dirceu era o chefe de governo e o presidente Lula, chefe de Estado. Daí ter sido responsabilizado o chefe de governo."
Os petistas afirmam que, do jeito em que está, o relatório não será aprovado. "Nessas questões jurídicas ter erros tão grosseiros para um relator que é advogado não pega bem", afirmou a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC).
(LUCIANA CONSTANTINO E NANDA KRAKOVICS)
FER


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