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Relatório final irrita oposição e base governista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relatório final da CPI
dos Correios apresentado
ontem pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR)
não agradou nem a oposição
nem a base governista. Os
dois lados afirmam que vão
sugerir mudanças no texto
original que será votado na
próxima terça-feira.
A oposição quer citar o
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva de forma mais enfática no capítulo que trata do
"mensalão". Também quer
recolocar o nome de Fábio
Luiz Lula da Silva, filho do
presidente, quando o caso
Gamecorp é descrito. O nome de Fábio foi suprimido
por Serraglio.
Os governistas discordam
da inclusão dos ex-ministros
José Dirceu (Casa Civil), que
teve o mandato de deputado
cassado, e Luiz Gushiken
(ex-Secretaria de Comunicação) entre os pedidos de indiciamento por envolvimento com o "mensalão" e por
irregularidades em contratos públicos. Também aponta erros jurídicos nos pedidos de condenação de outros petistas.
O próprio presidente da
CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), reconhece que
houve alterações nas propostas iniciais encaminhadas ao relator, mas considera pequena a possibilidade
de haver um relatório paralelo, como estava sendo cogitado nos últimos dias.
"Eventualmente a oposição e a situação apresentarão votos em separado.
Acho que todo mundo tem
que ceder, até para que a sociedade tenha o que espera."
Para o deputado Antônio
Carlos Magalhães Neto
(PFL-BA), um dos sub-relatores da CPI, seria "fundamental e imprescindível" ter
citado o filho do presidente
Lula, como era a sugestão
inicial. "Já registrei minha
insatisfação", disse.
O deputado José Eduardo
Cardozo (PT-SP) rebate. Ele
diz que não é possível incluir
Lula nem o filho porque a
Gamecorp não foi o objeto
de investigação da CPI. Segundo Cardozo, apesar das
polêmicas, será possível ter
um relatório único. "Quem
jogar para não ter um relatório final quer a impunidade.
Aqueles que pretendem ter
pizza vão investir na radicalização", afirmou.
O senador Álvaro Dias
(PSDB-PR) antecipou que
em seu voto separado irá sugerir a inclusão do presidente Lula como "principal responsável pelo conjunto da
obra". Por outro lado, Álvaro Dias diz que a inclusão do
senador Eduardo Azeredo
(PSDB-MG) entre os pedidos de indiciamento foi
"apenas uma medida para
satisfação da base governista" pelo fato de que o crime
eleitoral, que teria sido cometido em 1998, estaria
prescrito.
Para justificar o pedido de
indiciamento do ex-ministro José Dirceu e a não inclusão de Lula, o relator Osmar
Serraglio fez uma comparação ao regime parlamentarista. "O José Dirceu era o
chefe de governo e o presidente Lula, chefe de Estado.
Daí ter sido responsabilizado o chefe de governo."
Os petistas afirmam que,
do jeito em que está, o relatório não será aprovado.
"Nessas questões jurídicas
ter erros tão grosseiros para
um relator que é advogado
não pega bem", afirmou a líder do PT, senadora Ideli
Salvatti (SC).
(LUCIANA CONSTANTINO E NANDA KRAKOVICS) FER
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