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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O RELATÓRIO
Importância de ex-ministro no "mensalão" é comparada à de Delúbio; outro homem-forte de Lula, Gushiken tem indiciamento pedido
Deputado acusa Dirceu de corrupção ativa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A lista de pedidos de indiciamento do relatório final da CPI
dos Correios atinge dirigentes ou
ex-presidentes de quatro bancos
(Rural, BMG, Santos e do Brasil),
empresários da aviação civil e de
agências de publicidade, três presidentes dos Correios entre 2000 e
2005, a cúpula do PT em 2003 e
2004 e dois ex-homens-fortes do
PT e do governo Lula, o ex-ministro José Dirceu e o atual presidente do NAE (Núcleo de Assuntos
Estratégicos) da Presidência da
República, Luiz Gushiken.
Embora não esteja citado no relatório da comissão como um dos
beneficiários diretos dos pagamentos do "mensalão", a importância do deputado cassado Dirceu na preparação do esquema é
comparada à do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares. "Da mesma
forma, o então ministro da Casa
Civil, José Dirceu, que desponta
como o grande idealizador desse
esquema de corrupção, destinado
a garantir uma base de apoio ao
governo na Câmara dos Deputados", diz o texto. O ex-ministro é
acusado de corrupção ativa.
Gushiken é referido no texto como associado a supostas irregularidades na área de publicidade do
governo federal e em atividade ligadas aos fundos de pensão.
Entre os 118 pedidos de indiciamento, há 38 de pessoas ligadas
aos fundos de pensão, 35 ligadas
aos Correios e 25 ao esquema
montado por Marcos Valério.
O texto do relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) pediu o indiciamento de dirigentes e assessores
de partidos políticos, servidores
públicos, empresários, parlamentares, publicitários, representantes de fundos de pensão, dirigentes de bancos, operadores do
mercado financeiro e ex-ministros de Luiz Inácio Lula da Silva.
Valério é acusado por falsidade
ideológica, lavagem de dinheiro,
tráfico de influência, corrupção
ativa, supressão de documento,
fraude processual, crimes contra
a ordem tributária, peculato e atos
de improbidade administrativa.
Apesar de não ter incluído no
texto o pedido de indiciamento
dos 17 deputados acusados de integrar o esquema do "mensalão",
Serraglio disse ontem em entrevista que o fará de fato.
O foco inicial da CPI era investigar supostas irregularidades em
contratos nos Correios. A suspeita surgiu em maio, quando a revista "Veja" divulgou o conteúdo
de uma gravação em vídeo na
qual o funcionário dos Correios
Maurício Marinho recebia propina de R$ 3.000 de dois empresários. Na gravação, Marinho citou
o nome do então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
Ao final, o relatório conclui que
Jefferson tentou estabelecer "uma
rede de influência na administração dos Correios, baseada, sobretudo, na indicação política para a
ocupação de cargos com vistas à
captação de recursos para fins de
financiamento eleitoral".
Jefferson é acusado de crime
eleitoral, crime contra a ordem
tributária e corrupção passiva. Já
Marinho foi acusado por corrupção passiva. Em relação aos fundos de pensão, foram sugeridos
os indiciamentos do ex-secretário
de Comunicação do PT e ex-assessor de Dirceu Marcelo Sereno e
do operador Lucio Bolonha Funaro. Sereno é acusado de exercer
influência nos fundos com a indicação de nomes e sobre decisões
de investimento.
(ES, LS E RV)
Leia a lista dos que tiveram indiciamento
pedido na
www.folha.com.br/060884
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