São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O RELATÓRIO

Importância de ex-ministro no "mensalão" é comparada à de Delúbio; outro homem-forte de Lula, Gushiken tem indiciamento pedido

Deputado acusa Dirceu de corrupção ativa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A lista de pedidos de indiciamento do relatório final da CPI dos Correios atinge dirigentes ou ex-presidentes de quatro bancos (Rural, BMG, Santos e do Brasil), empresários da aviação civil e de agências de publicidade, três presidentes dos Correios entre 2000 e 2005, a cúpula do PT em 2003 e 2004 e dois ex-homens-fortes do PT e do governo Lula, o ex-ministro José Dirceu e o atual presidente do NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos) da Presidência da República, Luiz Gushiken.
Embora não esteja citado no relatório da comissão como um dos beneficiários diretos dos pagamentos do "mensalão", a importância do deputado cassado Dirceu na preparação do esquema é comparada à do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares. "Da mesma forma, o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, que desponta como o grande idealizador desse esquema de corrupção, destinado a garantir uma base de apoio ao governo na Câmara dos Deputados", diz o texto. O ex-ministro é acusado de corrupção ativa.
Gushiken é referido no texto como associado a supostas irregularidades na área de publicidade do governo federal e em atividade ligadas aos fundos de pensão.
Entre os 118 pedidos de indiciamento, há 38 de pessoas ligadas aos fundos de pensão, 35 ligadas aos Correios e 25 ao esquema montado por Marcos Valério.
O texto do relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) pediu o indiciamento de dirigentes e assessores de partidos políticos, servidores públicos, empresários, parlamentares, publicitários, representantes de fundos de pensão, dirigentes de bancos, operadores do mercado financeiro e ex-ministros de Luiz Inácio Lula da Silva.
Valério é acusado por falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, tráfico de influência, corrupção ativa, supressão de documento, fraude processual, crimes contra a ordem tributária, peculato e atos de improbidade administrativa.
Apesar de não ter incluído no texto o pedido de indiciamento dos 17 deputados acusados de integrar o esquema do "mensalão", Serraglio disse ontem em entrevista que o fará de fato.
O foco inicial da CPI era investigar supostas irregularidades em contratos nos Correios. A suspeita surgiu em maio, quando a revista "Veja" divulgou o conteúdo de uma gravação em vídeo na qual o funcionário dos Correios Maurício Marinho recebia propina de R$ 3.000 de dois empresários. Na gravação, Marinho citou o nome do então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
Ao final, o relatório conclui que Jefferson tentou estabelecer "uma rede de influência na administração dos Correios, baseada, sobretudo, na indicação política para a ocupação de cargos com vistas à captação de recursos para fins de financiamento eleitoral".
Jefferson é acusado de crime eleitoral, crime contra a ordem tributária e corrupção passiva. Já Marinho foi acusado por corrupção passiva. Em relação aos fundos de pensão, foram sugeridos os indiciamentos do ex-secretário de Comunicação do PT e ex-assessor de Dirceu Marcelo Sereno e do operador Lucio Bolonha Funaro. Sereno é acusado de exercer influência nos fundos com a indicação de nomes e sobre decisões de investimento. (ES, LS E RV)


Leia a lista dos que tiveram indiciamento pedido na www.folha.com.br/060884


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