|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Texto final atenua caixa 2 de Azeredo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Eduardo Azeredo
(PSDB-MG), ex-presidente da sigla, e o vice-governador mineiro,
Clésio Andrade (PTB), foram beneficiados na versão final do relatório da CPI dos Correios apresentado pelo deputado Osmar
Serraglio (PMDB-PR) com um
pedido de indiciamento de ambos
apenas por crimes eleitorais.
O trecho do relatório que trata
do tema recebeu um título ameno: "Empréstimos de 1998 - Minas Gerais". Ao falar do senador,
foi mais superficial: "A posição do
senador Eduardo Azeredo".
O senador e o vice-governador
participaram de um esquema similar ao montado pelo PT no governo Lula, a que o deputado cassado José Dirceu (PT) foi indiciado sob acusação de corrupção ativa. Para obter recursos para a
campanha de Azeredo em 1998, o
publicitário Marcos Valério emprestou ao menos R$ 11 milhões
do Rural e repassou-os clandestinamente à campanha tucana.
Parlamentares da base aliada do
governo e técnicos da comissão
que não concordaram com a versão final observaram que, caso sejam acolhidas pelo Ministério Público, as acusações contra ambos
poderão estar prescritas.
Grande parte do texto destinado a explicar o papel de Azeredo
no esquema é quase toda uma explicação da defesa do senador. A
versão final do relatório nada
conclui sobre fraudes na administração pública de Minas que teriam beneficiado Valério e chama
de "ilação" a intensa troca de telefonemas entre Azeredo e Valério
e suas empresas em 2002.
"Ilação é possível de que Marcos
Valério mantinha relacionamento com o então governador [Azeredo], pois que se tem dados que
confirmam expressivo número de
telefonemas entre aquela autoridade e Marcos Valério, Cristiano
Paz e SMPB, embora não se possa
recusar que, por serem integrantes de um complexo de publicidade ajustado para sua campanha,
evidentemente devesse ter contatos reiterados", diz o texto.
O relatório também surpreendeu ao pedir o indiciamento do
lobista mineiro Nilton Monteiro
pela suposta autoria da chamada
"lista de Furnas", papel sob investigação da Polícia Federal que liga
156 políticos a um esquema de
caixa dois da estatal.
A CPI não investigou a lista e
nunca tomou o depoimento de
Monteiro, apesar de inúmeros pedidos protocolados por ele. A comissão limitou-se a tomar o depoimento do ex-diretor Dimas
Toledo, suposto autor da lista,
que negou tudo. O relatório pediu
o indiciamento de Monteiro por
calúnia, falsidade de selo público
e falsidade ideológica. A CPI valeu-se de dois laudos periciais feitos numa fotocópia da suposta lista, e não no original, que até hoje
não apareceu.
(ES, LS e RV)
Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/O relatório: Deputado acusa Dirceu de corrupção ativa Próximo Texto: Versão do PT de que houve caixa 2 é "farsa", diz relator Índice
|