São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 2006

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Texto final atenua caixa 2 de Azeredo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), ex-presidente da sigla, e o vice-governador mineiro, Clésio Andrade (PTB), foram beneficiados na versão final do relatório da CPI dos Correios apresentado pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) com um pedido de indiciamento de ambos apenas por crimes eleitorais.
O trecho do relatório que trata do tema recebeu um título ameno: "Empréstimos de 1998 - Minas Gerais". Ao falar do senador, foi mais superficial: "A posição do senador Eduardo Azeredo".
O senador e o vice-governador participaram de um esquema similar ao montado pelo PT no governo Lula, a que o deputado cassado José Dirceu (PT) foi indiciado sob acusação de corrupção ativa. Para obter recursos para a campanha de Azeredo em 1998, o publicitário Marcos Valério emprestou ao menos R$ 11 milhões do Rural e repassou-os clandestinamente à campanha tucana.
Parlamentares da base aliada do governo e técnicos da comissão que não concordaram com a versão final observaram que, caso sejam acolhidas pelo Ministério Público, as acusações contra ambos poderão estar prescritas.
Grande parte do texto destinado a explicar o papel de Azeredo no esquema é quase toda uma explicação da defesa do senador. A versão final do relatório nada conclui sobre fraudes na administração pública de Minas que teriam beneficiado Valério e chama de "ilação" a intensa troca de telefonemas entre Azeredo e Valério e suas empresas em 2002.
"Ilação é possível de que Marcos Valério mantinha relacionamento com o então governador [Azeredo], pois que se tem dados que confirmam expressivo número de telefonemas entre aquela autoridade e Marcos Valério, Cristiano Paz e SMPB, embora não se possa recusar que, por serem integrantes de um complexo de publicidade ajustado para sua campanha, evidentemente devesse ter contatos reiterados", diz o texto.
O relatório também surpreendeu ao pedir o indiciamento do lobista mineiro Nilton Monteiro pela suposta autoria da chamada "lista de Furnas", papel sob investigação da Polícia Federal que liga 156 políticos a um esquema de caixa dois da estatal.
A CPI não investigou a lista e nunca tomou o depoimento de Monteiro, apesar de inúmeros pedidos protocolados por ele. A comissão limitou-se a tomar o depoimento do ex-diretor Dimas Toledo, suposto autor da lista, que negou tudo. O relatório pediu o indiciamento de Monteiro por calúnia, falsidade de selo público e falsidade ideológica. A CPI valeu-se de dois laudos periciais feitos numa fotocópia da suposta lista, e não no original, que até hoje não apareceu. (ES, LS e RV)


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