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Foco
Senador propõe audiência com diretores de empresa que é parte de jogo virtual
MALU DELGADO
EDITORA-ASSISTENTE DE BRASIL
A ficção pregou uma peça
na política. Discutiu-se na tribuna do Senado, na terça-feira, a polêmica ação da empresa Arkhos Biotech, identificada como "uma das maiores
fabricantes do mundo de ativos vegetais para a indústria
cosmética e farmacêutica". A
empresa defende, na internet, (www.arkhosbiotech.com) a internacionalização da Amazônia.
A postura institucional da
Arkhos deixou o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) furioso. "Tem notícia da maior
gravidade que devo trazer ao
conhecimento da Casa. Ela
está no site da Agência Amazônia, sob o título "Laboratório americano propõe privatizar a Amazônia'", alertou.
"Estou convidando essa
empresa a se fazer representar em uma reunião da Subcomissão da Amazônia, que
funciona na Comissão de Relações Exteriores (...), porque
a notícia pareceu-me extremamente grave", disse ele.
O fato é que a audiência
não acontecerá. A não ser que
sejam definidos dia e hora no
mundo virtual. A Arkhos é
uma empresa fictícia criada
em jogo virtual - "Alternate
Reality Games" (ARGs) -, no
site www.zonaincerta.com.
O jogo é patrocinado pelo
Guaraná Antarctica, feito em
parceria com a Editora Abril.
A brincadeira tem como eixo
uma misteriosa história envolvendo o biólogo Miro Bittencourt, que teria descoberto segredos da fabricação do
guaraná. A Arkhos é a vilã
que quer a Amazônia sob
controle privado.
E tem, ainda, um grupo
ambientalista, o Efeito Paralaxe. A "entidade" fez protestos - reais - no dia da visita
de George W.Bush ao Brasil.
Procurada pela Folha, a
patrocinadora do jogo esclareceu: "O Guaraná Antarctica aderiu a uma ferramenta de marketing inovadora e diferenciada, o
ainda pouco explorado "alternate reality games" (ARGs), jogo
que convida os consumidores da
marca a desvendar um mistério.
A ação gira em torno da fórmula
secreta do Guaraná Antarctica".
Ao ser informado pela Folha
sobre a real situação da empresa, o senador reagiu com bom
humor: "É um mico danado,
hein! Mas vou continuar vigilante a meu Estado, ainda que
tenha que pagar outros micos.
Neste caso foi brincadeira, mas
tem gente que de fato pensa isso
da Amazônia. Só não vou mais
chamar o pessoal para depor".
Leia o discurso do senador Arthur Virgílio
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