São Paulo, domingo, 30 de março de 2008

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Temos mais o que fazer, diz Dilma sobre CPI

Marcelo Rudini/Folha Imagem
A ministra Dilma Rousseff ao lado do colega Paulo Bernardo


DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, rejeitou ontem, em Curitiba, a possibilidade de depor na CPI dos Cartões sobre o vazamento de dados do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "O Palácio do Planalto e eu, em particular, temos mais coisas a fazer. Prefiro, e vou dizer com toda a sinceridade, passar 15, 14, 13 horas no Planalto tratando do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]", disse.
Dilma também afirmou que a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, montou um banco de dados sobre despesas do governo sob "recomendação do TCU [Tribunal de Contas da União]".
A ministra voltou a dizer que o Planalto vai investigar "até o último minuto" para saber quem divulgou as informações. Segundo Dilma, um banco de dados começou a ser montado em 2005 para centralizar os gastos de toda a administração daquele ano para a frente.
"O problema é que os gastos sempre foram muito dispersos, e o banco de dados tinha a tarefa de organizar essas informações, que são gigantescas", afirmou em entrevista, antes de participar de encontro com empresários no Paraná.
No ano seguinte, Dilma disse que o TCU baixou o acórdão 230/2006 para recuar a organização dos dados para 2002. "O TCU aprovou o banco de dados e pediu um recuo para 2002." O citado acórdão e os demais acórdãos que tratam do mesmo assunto, disponíveis no endereço eletrônico do tribunal (www.tcu.gov.br), não sustentam a declaração.
A ministra disse ainda que orientou sua secretária-executiva "a cumprir tudo o que o Tribunal de Contas pedir". Para Dilma, os dados revelados na revista "Veja" "são a escandalização do nada", pois foram auditados pelo TCU e "nenhuma irregularidade foi encontrada".
A ministra elogiou a Folha por ter procurado Erenice Guerra para mostrar os dados e apurar a origem das informações antes de publicar a reportagem que revelou que o dossiê foi montado na Casa Civil. "A Folha de S.Paulo teve uma postura correta."
Questionada se haveria demissões por causa do vazamento, Dilma optou por não responder. Ela disse não ser candidata à Presidência quando foi questionada se o caso do dossiê não poderia ser uma manobra para minar suas chances.
"Casos como esse demonstram tentativas de diminuir a importância de nosso país de transformar a máquina pública e de dar a ela instrumentos transparentes de gestão."
Dilma disse que há uma sindicância para apurar o caso. "Vamos saber quem fez isso."


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