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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Cerca de 1.500 pessoas aplaudem Lula e contestam tucano
Serra é cobrado em ato da Força por políticas de FHC
DA REPORTAGEM LOCAL
O encontro entre presidenciáveis organizado ontem pela Força
Sindical e pela Bolsa de Valores de
São Paulo, na capital paulista, foi
marcado pela ovação do público
ao pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, e
pelo contestação da platéia em relação ao tucano José Serra.
Enquanto o petista foi aplaudido pelos cerca de 1.500 convidados até mesmo durante a apresentação de seu currículo, Serra,
ao contrário do que ocorreu com
os outros três presidenciáveis,
não foi interrompido por aplausos nem mesmo no momento em
que falava sobre suas propostas.
Antes do início do evento, a platéia, composta por trabalhadores,
sindicalistas, empresários e políticos convidados pela organização,
foi informada de que estavam
proibidas as vaias.
""Convidamos essas pessoas para a nossa casa. Queria que vocês
tratassem todos com muito respeito, independentemente de votarem neles ou não. Queria que
tratassem todos como se fossem
seus candidatos", pediu ainda o
presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
Na fase de perguntas feitas pelo
público, também couberam a Serra os momentos de maior tensão
do encontro. Pré-candidato do
governo federal, ele foi questionado em que suas propostas para
combater o desemprego diferiam
das feitas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Depois de esperar que cessassem as palmas à pergunta, Serra
afirmou que o problema deveria
ser resolvido com ""vontade política, competência e teimosia". Foi
aplaudido por parte da platéia.
Em um segundo momento, o
tucano foi questionado, novamente sob aplausos, sobre o destino dos recursos da CPMF (o imposto sobre os cheques), contribuição inicialmente prevista para
reforçar a área da saúde.
"O que foi posto com uma mão
foi tirado com a outra", declarou
ele, referindo-se ao deslocamento
de recursos da Saúde para a Previdência. ""Mas não falta remédio
gratuito", completou, para ser interrompido por um coro, aos gritos, vindo da platéia. "Falta."
"Espera aí. O problema não é
faltar, mas chegar às pessoas",
afirmou Serra, para em seguida
defender a criação de um sistema
de controle maior sobre a distribuição de remédios.
Logo no início do evento, o tucano criticou indiretamente Lula
por declaração feita pelo petista
de que as exportações deveriam
ocorrer depois de resolvido o problema da fome no país. ""É uma
política econômica errada", disse
Serra sobre o assunto.
O presidenciável do PSDB, único a chegar atrasado ao evento,
prometeu criar um cursinho pré-vestibular para aumentar a competitividade dos alunos sem acesso ao ensino privado.
Aproximação
Último pré-candidato a discursar, Lula foi aplaudido desde o
momento em que entrou no local
do debate. O ex-presidente da
Força e deputado federal pelo PL
Luiz Antônio de Medeiros foi um
dos incentivadores das palmas.
Historicamente contrária à
CUT, central sindical ligada ao
PT, a Força Sindical apoiou várias
reformas propostas pelo governo
de Fernando Henrique, entre elas,
a da Previdência.
Agora, entretanto, a entidade
vem se aproximando do PT. Na
semana passada, o presidenciável
se reuniu com Paulinho na casa
de um dirigente petista. Conseguiu do líder sindical a promessa
de apoio, caso Ciro Gomes (PPS)
não chegue ao segundo turno.
Filiado ao PTB, partido que
apóia a pré-candidatura de Ciro,
Paulinho vem sendo citado como
um dos possíveis candidatos à vaga de vice na chapa encabeçada
pelo ex-ministro.
O presidente da central sindical
aproveitou seu lugar à mesa com
os presidenciáveis para declarar
seu apoio público a Ciro.
"Todos os candidatos terão votos na Força. Tem gente aqui que
vai trabalhar para todos os candidatos. Eu vou fazer campanha para o meu, Ciro Gomes."
O pré-candidato do PPS foi o
primeiro a falar. Acompanhado
da atriz Patrícia Pillar, fez questão
de se referir à platéia sobre a
doença da namorada, que passa
por tratamento contra um câncer
de mama. ""Minha companheira,
que depois de um mês e meio de
quimioterapia, está de volta aqui
conosco", afirmou ele.
Ciro criticou a globalização, a
adesão do Brasil à Alca nos moldes propostos até agora e se recusou a falar sobre a hipótese de
rompimento da aliança que o
apóia diante do impasse na escolha do pré-candidato da coligação
ao governo do Rio Grande do Sul.
O segundo a participar do evento foi o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PSB), que afirmou ter desistido de uma reeleição ""quase certa" ao governo do
Estado pela disputa presidencial
em nome de uma ""missão".
Diante da platéia composta por
trabalhadores, nem mesmo o presidente da Bolsa de Valores de São
Paulo, Raymundo Magliano Filho, resistiu à tentação de agradar.
Assim como Lula e Ciro, dirigiu-se ao público como ""companheiros e companheiras".
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