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JANIO DE FREITAS
A nova versão
A primeira impressão não é a
que fica -contrariando o ditado- da pesquisa CNT-Sensus
em que Silvio Santos, como possível candidato do PFL, toma o segundo lugar e se mostra mais
próximo de Luiz Inácio Lula da
Silva do que José Serra o faz na
pesquisa com os nomes já habituais.
O que a aritmética sugere à primeira vista são quedas expressivas, sim, de Lula e Serra quando
Silvio entra na pesquisa, Lula
descendo de 37,9% para 30,5% e
Serra, além da queda de 16,1%
para 13,6%, perdendo o segundo
lugar para os 17,8% de Silvio.
Mas Lula e Serra ainda ainda
não têm motivo para considerar
que a entrada de Silvio Santos
lhes seria desastrosa.
Uma das reações possíveis a
uma candidatura Silvio Santos, e
certa mesmo em grande parte do
eleitorado, é a de temer uma versão pseudopolítica do seu populismo televisivo, e recusar-se a
confundir sua capacidade de
conduzir os auditórios e a habilitação para conduzir o país. Nesse
caso, o efeito imediato nas camadas populares teria como contrapartida, a prazo maior, uma polarização mais firme e conscientemente favorável em um dos que
representem mais consistência do
que o animador pode oferecer.
As reações opostas que uma
candidatura Silvio Santos suscitaria não se deixam apreender
em uma só pesquisa, nem mesmo
em curto prazo. Mas poderia proporcionar até o que era inimaginável: o imenso aparato Globo,
TV à frente, aplicando todos os
recursos de simpatia por Lula
-caso só nele sejam possíveis esperanças globais de derrotar Silvio Santos.
Sinal mais eloquente da pesquisa é o das situações de Serra e Anthony Garotinho. Em qualquer
lista de candidatos, os dois estão
solidamente empatados. Mas, em
relação à lista que reproduz as
pesquisas anteriores (sem Silvio
Santos, portanto), ambos apresentam aumento substancial na
taxa de rejeição pelos eleitores.
Serra passa dos 41,9% para
46,6% do eleitorado e Garotinho,
de 44,7% para 50%. Se estão em
atividade de campanha (mais
Serra, também pelo apoio na mídia, do que Garotinho), deveriam
estar reduzindo a rejeição.
O ocorrido aos dois é tanto
mais significativo quanto Lula
exibe queda na rejeição, de 42,7
para 38,8%, e Ciro Gomes também, de 53,8 para 51,9%. Estes,
além disso, subindo no cômputo
de adesões, Lula de 32,1 para
37,9% e Ciro de 9,7 para 10,5%.
Por conveniência ou não, no
PSDB e no PMDB a tendência
mais notável foi dar o surgimento
de Silvio Santos como uma arma
de chantagem do combalido PFL,
para criar elementos de negociação. Tese que já circulava antes
da pesquisa, movida pelos que
alimentam a idéia, por ora não
mais do que aérea, de retirada de
Serra.
Na corrente do PFL que abraça
a idéia Silvio Santos há mais do
que esperança. Há uma alternativa: caso este animador não se
anime com a aventura eleitoral,
podem tentar o Ratinho.
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