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MERCADO DA SUCESSÃO
Merrill Lynch e Morgan Stanley, dos EUA, apresentam subida de petista como elemento de incerteza
"Fator Lula" leva bancos a rebaixarem país
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Os bancos de investimento norte-americanos Merrill Lynch e
Morgan Stanley Dean Witter rebaixaram sua recomendação para
negócios com títulos da dívida
brasileira. Um dos principais motivos foi um suposto aumento da
taxa de risco do país devido ao
crescimento do pré-candidato do
PT à Presidência da República,
Luiz Inácio Lula da Silva, nas pesquisas de intenção de voto.
Os dois bancos sugeriram aos
seus clientes que reduzam investimentos em papéis da dívida do
país para a "média de mercado".
Antes, as duas instituições recomendavam aos investidores que
mantivessem títulos do país em
volumes "acima do mercado".
Justificativa
O Morgan Stanley justificou sua
decisão com o argumento de que
os índices de Lula nas pesquisas
aumentaram, assim como a distância entre ele e o virtual candidato do PSDB à Presidência, o senador José Serra.
"Caso Serra não consiga se separar convincentemente nas pesquisas do resto do grupo de candidatos, o PSDB poderá sofrer
pressão para considerar alternativas para sua candidatura", avaliam os analistas do banco que redigiram o relatório.
No relatório do Merrill Lynch, a
subida do pré-candidato do PT
nas pesquisas é mencionada como o maior fator doméstico de incerteza para o mercado.
"Na nossa opinião, um horizonte melhor só virá quando investidores obtiverem mais evidências
de uma perspectiva benigna com
relação a dois assuntos: a retomada sustentável de cortes na [taxa
de juros" Selic e a redução da diferença entre Lula e Serra nas pesquisas", afirma o relatório.
Esse relatório também citou a
perspectiva de redução do fluxo
de capital para países emergentes
e o preço do petróleo como fatores que determinaram a decisão.
As novas recomendações dos
dois bancos constam dos boletins
diário e semanal enviado por eles
a seus clientes, que podem adotá-las ou não.
Se decidirem aceitá-las, os investidores com grande exposição
no Brasil venderão títulos brasileiros para adaptarem-se à nova
sugestão.
Em tese, isso poderia pressionar
para baixo o preço desses papéis,
obrigando o país a aumentar as
taxas de juros para manter os investimentos no país. Taxas altas
de juros tendem a desaquecer a
economia e elevam o peso da dívida pública brasileira.
Associação
No entanto, não se pode dar a
esses boletins a mesma importância das revisões de crédito anunciadas regularmente por agências
como Moody's, Standard &
Poor's e Fitch, que são especializadas em classificar risco e cujas
decisões são seguidas por vários
fundos de investimentos.
Diferentemente dessas agências, as recomendações dos bancos têm um horizonte de curto
prazo e mudam constantemente.
A importância dos dois relatórios divulgados ontem é que, pela
primeira vez no atual processo
eleitoral, bancos de investimentos
apontam expressamente o risco
de vitória de um candidato específico como motivo para rebaixar
a recomendação de investimentos no Brasil.
A Moody's e a Standard &
Poor's informaram ontem à Folha que suas classificações de risco não são e não serão afetadas
por pesquisas eleitorais.
No entanto, reconhecem que o
cenário político de longo prazo no
país é um fator importante. "O
que observamos são as perspectivas de longo prazo para a estabilidade política e para a execução
das reformas depois das eleições",
afirmou Ernesto Martinez-Alas,
analista senior da Moody's para o
Brasil.
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