São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Era um evento da Força Sindical, relacionado supostamente ao Primeiro de Maio.
Seu presidente, Paulo Pereira da Silva, que se quer o Antonio Rogério Magri de Ciro Gomes, anunciou o primeiro candidato do dia -Ciro Gomes- como "presidente".
Mas quem roubou a cena foi Lula, que num tempo distante foi metalúrgico.
Ele ficou de pé como se estivesse comandando uma assembléia sindical, cada vez mais à vontade nos ternos de Duda Mendonça. E falou com a segurança de quem comanda, pesquisa após pesquisa, a corrida presidencial.
"Foi o mais aplaudido", como disseram as rádios e comprovou o Jornal da Record.
Falou daquele jeito, atacou os juros altos, criticou até os programas de TV que "ensinam a matar". Enfim, fez da festa da Força Sindical uma manifestação do PT.
Do outro lado, José Serra "chegou a ser vaiado" ou quase, quando disse que existe remédio grátis no Brasil, só que ele não chega aos doentes -e ainda insistiu, como se quisesse convencer os presentes.
Anthony Garotinho, num populismo mais desenfreado, prometeu de tudo um pouco, de aumento no salário mínimo a uma secretaria de segurança pública federal.
Ciro, em dia de mais uma pesquisa desfavorável, apelou de vez ao posar ao lado da atriz Patrícia Pillar -e atacou Lula. Declarou acintosamente que a eleição do petista seria "uma temeridade".
Lula, que falou depois, deu de ombros. Fez ironia.
 
Na edição do Jornal Nacional, que é a versão que importa, Serra falou primeiro e foi incisivo sobre segurança.
Ciro foi mais vago, mas foi enquadrado longamente pela Globo ao lado da atriz, que é do elenco da emissora.
Lula aparentou, nas cenas escolhidas, a tensão e a dissimulação de um comício.
O JN não reproduziu os aplausos ao petista nem as quase vaias ao tucano.
 
O pefelista presidente da Confederação Nacional dos Transportes, Clésio Andrade, nem fez questão de explicar direito o que Silvio Santos estava fazendo na pesquisa da entidade, divulgada ontem.
Foi logo afirmando que o empresário e animador de auditório é a "salvação do partido". Do pefelista pesquisador, na Jovem Pan:
- É a única opção para alavancar o partido novamente. Sem ele, fica difícil.



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