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INVESTIGAÇÃO
Promotoria apura superfaturamento em construção de avenida e remessas ao exterior
Empresário depõe sobre desvios em obra
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público do Estado
de São Paulo informou ontem
que um empresário prestou depoimento e admitiu ter participado de um esquema de corrupção
na obra da avenida Água Espraiada, durante a gestão do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB).
Ricardo Augusto da Costa, ex-diretor da Costaço Comércio de
Ferro e Aço, disse em depoimento, segundo a Promotoria, no dia
14 de abril, ter fornecido notas
frias à empreiteira Mendes Júnior,
durante o ano de 1994, para a
construção da avenida, num valor
aproximado de R$ 8 milhões.
Costa teria afirmado que, apesar
das notas, o material nunca chegou a ser entregue. Na época, sua
empresa trabalhava apenas com
artigos para a metalurgia, não para a construção civil.
Interessado na possibilidade de
ter sua pena reduzida por ter colaborado com as investigações,
Costa disse ainda que devolvia
90% do total pago pela Mendes
Júnior à própria empreiteira, ainda segundo a Promotoria.
O depoimento do empresário
faz parte de um grande quebra-cabeça que o Ministério Público
vem tentando montar para explicar o suposto desvio de verbas públicas da obra da avenida Água
Espraiada e a emissão de dinheiro
ao exterior.
Segundo depoimentos colhidos
pela Promotoria, a Secretaria Municipal de Obras, a empreiteira
Mendes Júnior e outras empresas
subcontratadas participaram de
um desvio de R$ 550 milhões da
avenida durante a gestão de Paulo
Maluf (1993-1996).
A Mendes Júnior recebia o dinheiro da secretaria e repassava às
subcontratadas. Estas, por sua
vez, devolviam 90% do valor total
à empreiteira. Os cheques, segundo levantamento feito pela Promotoria, eram entregues a doleiros e remetidos ao exterior.
Algumas das empresas subcontratadas pela Mendes Júnior existiam apenas no papel. É o caso da
Jatobá Esquadrias de Madeira,
que teria recebido cerca de R$ 2,4
milhões da empreiteira em 1994.
A empresa está no nome de uma
moradora da Favela do Lixão.
Para os promotores, parte do
dinheiro supostamente desviado
pode explicar os US$ 200 milhões
depositados em contas da família
Maluf no exterior. Segundo autoridades suíças, em 1985 foi aberta
uma conta no Citibank em Genebra em nome da família do ex-prefeito. Em 1997, o valor foi
transferido para uma agência do
banco no paraíso fiscal de Jersey,
no canal da Mancha.
Em março, o Ministério Público
conseguiu a quebra do sigilo bancário de Maluf e de outras 21 pessoas e empresas supostamente
envolvidas no esquema.
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