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Juiz vai acompanhar saída de não índios da Raposa
Magistrado poderá autorizar eventual pedido de prisão de quem descumprir ordem do STF
Líder dos arrozeiros afirma que só sai da terra indígena com uma ordem judicial; PF comandará a operação ao lado do presidente do TRF-1
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA
O presidente do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª
Região), Jirair Meguerian, vai
acompanhar, em Pacaraima
(RR), a saída de não índios da
terra indígena Raposa/Serra do
Sol. Hoje termina o prazo dado
pelo STF (Supremo Tribunal
Federal) para que arrozeiros e
não índios deixem a reserva.
Segundo a Polícia Federal,
Meguerian pode até analisar
pedidos de prisão contra quem
desrespeitar a ordem de saída
do local. O plano é agilizar o
processo de retirada. Responsável pela operação de saída
dos não índios, a PF diz que, se
for necessário, mandará pedidos de prisão ao juiz, que imediatamente irá analisar os casos. O presidente do TRF deve
ficar no Estado até o dia 8.
Em março, o Supremo confirmou a decisão do governo federal que, em 2005, homologou
a reserva indígena de forma
contínua -sem permitir dentro dela terras de não índios. O
delegado José Maria Fonseca,
da PF de Roraima, afirmou que
"tudo será feito com critério".
"Mas, se necessário, haverá uso
da força policial", disse ele.
O líder dos arrozeiros que
permanecem na terra indígena,
Paulo César Quartiero, declarou que não haverá resistência
armada, mas ele afirmou que
vai ficar em sua propriedade
amanhã e só vai sair quando receber uma ordem judicial.
Ontem, Quartiero, ex-prefeito de Pacaraima, disse que recebeu uma oferta para plantar
arroz na Guiana. Durante a tarde, caminhões vindos da Raposa/Serra do Sol com pertences
do arrozeiro continuavam a
chegar à fábrica de beneficiamento de arroz do produtor em
Boa Vista. O pátio já estava repleto de maquinário trazido de
sua fazenda na terra indígena.
Quartiero afirmou que ainda
há muitos não índios na Raposa/Serra do Sol porque eles não
receberam nenhum tipo de auxílio do governo federal para
deixar a área.
Na sede da Funai (Fundação
Nacional do Índio) em Boa Vista, o funcionário de uma transportadora tentava ontem obter
uma verba prometida para custear a retirada de não índios da
terra indígena. A direção da Funai no Estado afirmou que não
poderia conversar com a reportagem da Folha.
A Polícia Federal e os arrozeiros disseram que o clima era
de tranquilidade ontem na vila
Surumu, na entrada da Raposa/Serra do Sol.
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