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JANIO DE FREITAS
Um escândalo no escândalo
Com a promessa de mais esclarecimentos para hoje, em
seu programado depoimento na
CPI dos Correios, o deputado Roberto Jefferson introduziu agora
em suas denúncias seriadas um
assunto que é, por si só, um absurdo escandaloso: os três anos e
meio sem explicação convincente e definitiva para o seqüestro e
assassinato do então prefeito de
Santo André, Celso Daniel.
Os ingredientes desse caso indicam, todos, um enredo de gravidades em que o assassinato não
foi o primeiro nem o último crime, Celso Daniel não foi o único
figurante político proeminente e
nada faz crer que os antecedentes se restrinjam à área de Santo
André.
Roberto Jefferson, além da
menção espontânea e inesperada à relação entre o assassinato
de Celso Daniel e as recentes denúncias de corrupção política,
disso, fez questão de dizer, "não
tem dúvida". São duas indicações das quais ele e nós outros
não devemos esquecer, para os
esclarecimentos prometidos ou
para as eventuais cobranças.
Descobrir o que houve ou há, de
fato, por trás do crime de Santo
André pode se revelar muito
mais importante do que foi admitido até hoje.
Tanto mais que há, também
encoberto por explicações inconvincentes, o assassinato de outro
prefeito petista, Toninho da Costa Santos, de Campinas, motivo
de reiterados pedidos a Lula, todos infrutíferos, de novas investigações.
Bingo!
CPI dos Bingos. Cria, não cria,
compõe, não compõe, instala,
não instala, funciona, não funciona. E se, afinal em funcionamento, a CPI encontrar indícios
de que o dinheiro pedido por
Waldomiro Diniz ao empresário
de jogo Carlinhos Cachoeira não
era para ele, apesar de sua titubeante confissão, mas para fins
como o "mensalão", custos partidários e outros agora citados?
Para quem espere investigação
razoável, a CPI dos Bingos até
que merece uma aposta em revelações interessantes.
Anti-sociais
O noticiado fechamento de 313
salas de aula pela administração
José Serra é bem a cara da administração pública à brasileira.
Foram fechadas, é a alegação,
porque seus respectivos alunos
não somam os 15 exigidos pela
regulamentação do Mova, Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos.
Onde haja analfabeto, um que
seja, a administração pública
tem o dever moral, a obrigação
legal e a dívida humana de proporcionar-lhe a mais fácil condição para alfabetizar-se. A administração paulistana satisfez-se
em mandar os dispensados procurarem a escola mais próxima
(quanto será isso?) da extinta.
E por que, para salvar uma sala de alfabetização de jovens e
adultos, são necessários no mínimo 15 infelizes analfabetos, e não
11 ou 9 ou 6 ou 3? Trata-se de
mulheres e homens, pessoas, e
não de lotes de analfabetos, como pretende esse Mova tão contrário ao próprio nome. Aos letrados desse Mova e da administração paulistana não ocorreu
que a tal regulamentação não é
coisa de analfabeto, mas é coisa
de ignorante. E tão simples seria
mudá-la.
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