São Paulo, sexta-feira, 30 de julho de 2004

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Viagem à África foi mais política que comercial

DA ENVIADA ESPECIAL A CABO VERDE

Após giro de quatro dias pela África, o presidente Lula chega ao Brasil trazendo na bagagem mais protocolos de intenção assinados no continente, poucos acordos comerciais relevantes e o provável perdão da dívida externa de dois países, Gabão e Cabo Verde (US$ 36 milhões e cerca de US$ 3 milhões, respectivamente).
A viagem pelo continente africano teve teor muito mais político que econômico. O Brasil coloca-se no papel de primo rico ao doar medicamentos, computadores e livros, deixando evidente uma das principais características da política externa atual, a de liderança dos países do eixo Sul.
Mais importante do que levar empresários a fazer acordo com os três países visitados (Gabão, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe), que representam mercado de menos de 2 milhões de pessoas, é a busca do presidente pelo apoio na reformulação do Conselho de Segurança da ONU, onde Lula pleiteia assento permanente. Arrancou dos três países declarações de apoio à pretensão.
O Ministério das Relações Exteriores aguardava 30 empresários para a viagem. Na comitiva, porém, só dois participaram de todo o percurso. Hoje, o comércio dos três países com o Brasil é pequeno -movimenta US$ 20 milhões.
A presença de um funcionário da Petrobras na comitiva oficial foi muito mais uma sinalização diplomática ao presidente de São Tomé e Príncipe, Fradique de Menezes, que reflexo das reais intenções comerciais da empresa. Na primeira viagem de Lula ao país, em novembro, Menezes questionara a ausência dos brasileiros em uma licitação para a exploração do produto no país.
No Gabão, governado há quase 40 anos por Omar Bongo, Lula esteve em contato com o primeiro-ministro das Relações Exteriores do país, Jean Ping, que será o presidente da Assembléia Geral da ONU a partir de setembro. Em Cabo Verde, parada final, fez discurso contra os países ricos e deixou o país como das outras vezes: aplaudido de pé pelos ""irmãos do outro lado do Atlântico". (JD)


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