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Viagem à África foi mais política que comercial
DA ENVIADA ESPECIAL A CABO VERDE
Após giro de quatro dias pela
África, o presidente Lula chega ao
Brasil trazendo na bagagem mais
protocolos de intenção assinados
no continente, poucos acordos
comerciais relevantes e o provável
perdão da dívida externa de dois
países, Gabão e Cabo Verde (US$
36 milhões e cerca de US$ 3 milhões, respectivamente).
A viagem pelo continente africano teve teor muito mais político
que econômico. O Brasil coloca-se no papel de primo rico ao doar
medicamentos, computadores e
livros, deixando evidente uma das
principais características da política externa atual, a de liderança
dos países do eixo Sul.
Mais importante do que levar
empresários a fazer acordo com
os três países visitados (Gabão,
Cabo Verde e São Tomé e Príncipe), que representam mercado de
menos de 2 milhões de pessoas, é
a busca do presidente pelo apoio
na reformulação do Conselho de
Segurança da ONU, onde Lula
pleiteia assento permanente. Arrancou dos três países declarações
de apoio à pretensão.
O Ministério das Relações Exteriores aguardava 30 empresários
para a viagem. Na comitiva, porém, só dois participaram de todo
o percurso. Hoje, o comércio dos
três países com o Brasil é pequeno
-movimenta US$ 20 milhões.
A presença de um funcionário
da Petrobras na comitiva oficial
foi muito mais uma sinalização
diplomática ao presidente de São
Tomé e Príncipe, Fradique de Menezes, que reflexo das reais intenções comerciais da empresa. Na
primeira viagem de Lula ao país,
em novembro, Menezes questionara a ausência dos brasileiros em
uma licitação para a exploração
do produto no país.
No Gabão, governado há quase
40 anos por Omar Bongo, Lula esteve em contato com o primeiro-ministro das Relações Exteriores
do país, Jean Ping, que será o presidente da Assembléia Geral da
ONU a partir de setembro. Em
Cabo Verde, parada final, fez discurso contra os países ricos e deixou o país como das outras vezes:
aplaudido de pé pelos ""irmãos do
outro lado do Atlântico".
(JD)
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