São Paulo, sexta-feira, 30 de julho de 2004

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CAMPO MINADO

Polícia diz que há 700 sem-terra no local, que fica na região do Pontal

MST invade área de multinacional

CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE

Cerca de 700 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram na manhã de ontem, em Sandovalina, no Pontal do Paranapanema (extremo-oeste de SP), uma área da multinacional norte-americana Duke Energy, empresa de geração de energia que controla oito usinas hidrelétricas no rio Paranapanema, no oeste e sudoeste dos Estados de São Paulo e Paraná. A estimativa é da Polícia Militar. O MST anunciou a presença de 1.500 pessoas no local.
A área invadida fica na estrada vicinal que liga Sandovalina à usina Taquaruçu, que pertencia à Cesp (Companhia Energética de São Paulo), vendida em 1999 para a Duke Energy, e está longe da área operacional da usina.
De acordo com o coordenador estadual do movimento, Laércio Barbosa, 35, foram mobilizadas famílias de 12 acampamentos de sem-terra existentes no Pontal na ação classificada pelo MST de "retomada da jornada de luta" na região, considerada o principal foco do conflito fundiário em São Paulo. Barbosa anunciou que novas invasões estão sendo organizadas. Os sem-terra foram transportados em seis ônibus, quatro caminhões e dez carros.
Hoje pela manhã, outras famílias devem chegar ao local. Uma assembléia definirá as novas ações do movimento. "O que as famílias decidirem nós vamos cumprir." Em 1997, no mesmo local, houve um conflito entre funcionários de uma fazenda e sem-terra que deixou 12 pessoas integrantes do movimento feridos.
Outro coordenador do movimento, Valmir Rodrigues Chavez, criticou a "lentidão do governo paulista na condução da reforma agrária". "A lentidão do governo na arrecadação de terras é enorme. Por isso que as famílias retomaram [as ações]", afirmou.
A assessoria de imprensa da Duke Energy informou que foram registrados boletins de ocorrência nas polícias Civil e Militar de Sandovalina e que a empresa "aguarda a manifestação das autoridades" sobre o episódio. A multinacional deve pedir a reintegração de posse hoje.
O diretor-executivo da Fundação Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo), Jonas Villas Bôas, falando também em nome do governo estadual, disse que "o governo está fazendo o possível para arrecadar as terras para reforma agrária", mas que depende de decisões da Justiça.


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