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CAMPO MINADO
Polícia diz que há 700 sem-terra no local, que fica na região do Pontal
MST invade área de multinacional
CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE
Cerca de 700 integrantes do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram na manhã de ontem, em Sandovalina, no Pontal do Paranapanema (extremo-oeste de SP), uma
área da multinacional norte-americana Duke Energy, empresa de
geração de energia que controla
oito usinas hidrelétricas no rio Paranapanema, no oeste e sudoeste
dos Estados de São Paulo e Paraná. A estimativa é da Polícia Militar. O MST anunciou a presença
de 1.500 pessoas no local.
A área invadida fica na estrada
vicinal que liga Sandovalina à usina Taquaruçu, que pertencia à
Cesp (Companhia Energética de
São Paulo), vendida em 1999 para
a Duke Energy, e está longe da
área operacional da usina.
De acordo com o coordenador
estadual do movimento, Laércio
Barbosa, 35, foram mobilizadas
famílias de 12 acampamentos de
sem-terra existentes no Pontal na
ação classificada pelo MST de "retomada da jornada de luta" na região, considerada o principal foco
do conflito fundiário em São Paulo. Barbosa anunciou que novas
invasões estão sendo organizadas.
Os sem-terra foram transportados em seis ônibus, quatro caminhões e dez carros.
Hoje pela manhã, outras famílias devem chegar ao local. Uma
assembléia definirá as novas
ações do movimento. "O que as
famílias decidirem nós vamos
cumprir." Em 1997, no mesmo local, houve um conflito entre funcionários de uma fazenda e sem-terra que deixou 12 pessoas integrantes do movimento feridos.
Outro coordenador do movimento, Valmir Rodrigues Chavez,
criticou a "lentidão do governo
paulista na condução da reforma
agrária". "A lentidão do governo
na arrecadação de terras é enorme. Por isso que as famílias retomaram [as ações]", afirmou.
A assessoria de imprensa da
Duke Energy informou que foram registrados boletins de ocorrência nas polícias Civil e Militar
de Sandovalina e que a empresa
"aguarda a manifestação das autoridades" sobre o episódio. A
multinacional deve pedir a reintegração de posse hoje.
O diretor-executivo da Fundação Itesp (Instituto de Terras do
Estado de São Paulo), Jonas Villas
Bôas, falando também em nome
do governo estadual, disse que "o
governo está fazendo o possível
para arrecadar as terras para reforma agrária", mas que depende
de decisões da Justiça.
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