São Paulo, quinta, 30 de julho de 1998

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Dirceu não comparece a entrevistas

da Reportagem Local

O presidente nacional do PT, José Dirceu, transformou-se em um grande mistério ontem no Rio, durante o leilão do Sistema Telebrás.
Dirceu, que havia dito que a venda era "um jogo de cartas marcadas" e que acompanharia o processo com os que se manifestariam contrários ao processo, não foi encontrado junto aos manifestantes e tampouco compareceu a duas entrevistas convocadas pelo PT: uma marcada para o gabinete do vereador petista Jorge Bittar e outra para a sede da Fittel (Federação Interestadual dos Trabalhadores de Telecomunicações).
Segundo assessores de seu partido, ele esteve no Rio, mas no fim da tarde teria voltado a São Paulo num vôo da ponte aérea.
Na ausência de Dirceu, o presidente da Fittel, Luis Antônio Souza e Silva, falou com os jornalistas e afirmou que a prioridade da entidade sindical após baixar a poeira da venda do Sistema Telebrás seria tentar evitar demissões em massa.
Segundo disse, esse será o item número um da primeira reunião com os novos proprietários das empresas privatizadas. "Vamos resolver isso antes mesmo de discutir o acordo salarial, que será debatido no final do ano."
Lula
Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República, voltou a duvidar da lisura do processo de privatização das teles. "A urgência do governo em se desfazer de um patrimônio público extraordinário como a Telebrás me leva a ter o direito de suspeitar que tem falcatrua no processo."
Para o petista, o governo federal tentou "enganar" a população ao fixar um preço mínimo para a Telebrás muito abaixo, no seu entender, do valor real. "O governo queria justificar um ágio e abaixou a avaliação. Aplicar dessa maneira em cima da sociedade é demais."
As declarações de Lula foram feitas ontem de madrugada, depois de rápidos comícios nas portas das fábricas Volks e Scania, em São Bernardo do Campo (SP), seu berço político.
Lula quer marcar posição, mas não quer que a privatização das teles acabe como tema principal da campanha presidencial.
Prevaleceu, no PT, o temor de que a presença do candidato em eventuais tumultos prejudicaria o trabalho de marketing que tenta construir para Lula uma imagem mais cordata e confiável para a classe média. (LAR e CEA)



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