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SUDAM
Jader teria ficado com R$ 8,8 mi, segundo denúncia
Força-tarefa tem acesso a 47 contas para rastrear desvios do Maranhão
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A força-tarefa do Ministério Público Federal terá acesso à movimentação de 47 contas bancárias,
a maioria pertencente a doleiros,
para rastrear lavagem de dinheiro
da parte desviada dos R$ 44,1 milhões liberados ao projeto Usimar, do Maranhão.
O projeto obteve recursos da extinta Sudam (Superintendência
do Desenvolvimento da Amazônia), mas a indústria de autopeças
de São Luís não saiu do papel.
A Justiça Federal no Paraná autorizou a quebra do sigilo bancário no início deste mês. O processo corre em segredo de Justiça. O
procurador da República Nazareno Wolff, do Paraná, disse esperar
para até o final do mês de setembro um avanço dessa parte das investigações.
A quebra de sigilo foi autorizada
no Paraná porque a sede das empresas do controlador do projeto,
Teodoro Hübner Filho, fica em
Curitiba. Os cheques liberados
pela Sudam pararam, inicialmente, em três empresas do grupo.
Outros processos de quebra de
sigilo bancário de doleiros e empresas de fachada que movimentaram o dinheiro desviado da Sudam já estão em andamento nos
Estados do Pará, Tocantins e Paraná. A autorizada neste mês no
Paraná, entretanto, é a maior numericamente.
Doze das contas seriam vinculadas a empresas e doleiros que teriam movimentado dinheiro para
o ex-senador Jader Barbalho
(PMDB-PR). A denúncia levada
pelo Ministério Público Federal à
Justiça Federal do Tocantins afirma que Jader ficou com cerca de
R$ 8,8 milhões dos R$ 44,1 milhões liberados para a Usimar.
Corresponderia à comissão cobrada por ele, para intermediar a
aprovação do projeto, segundo a
denúncia.
Os procuradores da força-tarefa
chegaram a essa conclusão com
os primeiros rastreamentos de
cheques e o depoimento de
Amauri Cruz dos Santos, lobista
do projeto junto à Sudam. Ao Ministério Público, ele disse ter combinado a comissão diretamente
com Jader Barbalho, em um encontro em Belém (PA). Também
disse ter levado os cheques correspondentes à comissão e entregue a prepostos do ex-senador.
Santos era a ponte que ligava o
empresário Teodoro Hübner Filho, de Curitiba, ao esquema da
Sudam nos Estados do Pará e do
Maranhão. As contas do lobista e
do controlador da Usimar também estão sendo rastreadas pela
força-tarefa.
Entre as empresas que movimentaram o dinheiro desviado da
Usimar, aparecem a Logística
Operações Promocionais de
Eventos, de São Paulo, e a Condor
Factoring Fomento Comercial e a
Yahweh Nissi Importadora e Exportadora, do Rio de Janeiro. A
Logística já é alvo de três investigações em Belém.
Há ainda na lista dezenas de nomes de pessoas físicas que teriam
movimentado somas que variaram de R$ 100 mil a R$ 200 mil.
Cinco mantêm contas bancárias
em cidades gaúchas na divisa com
o Uruguai. Os procuradores suspeitam que parte do dinheiro tenha sido desviada ao exterior via
Uruguai.
Sistema
O procurador Wolff explica que
os doleiros operam no país "um
sistema de compensação próprio", e que o rastreamento de todas as contas pode levar à recuperação de pelo menos parte dos recursos que foram desviados da
superintendência.
O projeto Usimar foi aprovado
em dezembro de 1999, no Conselho Deliberativo da Sudam. O
custo inicial estimado para a fábrica de autopeças foi de R$ 1,3 bilhão. Houve apenas duas liberações. Os financiamentos da Sudam foram suspensos com o surgimento das denúncias de fraude
contra Jader Barbalho, pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA).
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