São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2004

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TODA MÍDIA

Galvão e o Estado

Nelson de Sá

Na Band, a patriotada andou perto de ofender os sobrenomes italianos.
Mas não foi concorrência para a Globo de Galvão Bueno. A transmissão do jogo de vôlei contra a Itália ganhou até lágrimas do narrador.
Mais, ganhou a locução do próprio choro:
- É difícil não estar agora com lágrimas nos olhos.
Depois:
- Eu sou um chorão, confesso. E vamos à execução do Hino Nacional Brasileiro.
Por fim:
- Eu já chorei de montão aqui.
E narrou as lágrimas do comentarista Tande, ao seu lado. Também as lágrimas do comentarista Montanaro.
Mas por que a choradeira? Respondeu o próprio Galvão Bueno, em seguida:
- Foi um grande momento, porque marca a Olimpíada que vai dividir a história olímpica brasileira.
Como assim?
- Com o governo tratando o esporte como política de Estado; com os centros de excelência que vêm por aí; com a iniciativa privada mergulhando de cabeça se vier a lei dos incentivos fiscais, o Brasil caminha realmente cada vez mais...
Não completou.
Mas suas palavras e lágrimas olhavam para o futuro. Para a "política de Estado" de Lula. Em parceria, é claro.
 
Além de gastar como nunca na propaganda federal voltada à Olimpíada, o lulismo comemorou ontem nos sites da estatal Agência Brasil e de Marta Suplicy. Deste último:
- Brasil conquista resultado histórico.
Um dia antes, outro destaque do site trazia Marta, a caminho de um evento eleitoral qualquer no Corinthians, prometendo que "vamos estourar" mais para a frente, nos Jogos:
- Mas para isso eu preciso completar a rede CEU, fazendo mais 24 unidades.
O CEU, marca de Duda Mendonça, vai se tornando a resposta petista para tudo -educação, saúde, esporte etc.

MARTA, NÃO

Vi na propaganda eleitoral que alguns candidatos estão dizendo que trabalham bem comigo. Então, para não ter dúvida, esclareço: quem trabalha bem comigo é o Serra... Com ele na prefeitura e comigo no governo, vamos fazer muito mais.
Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, em resposta à propaganda de Marta Suplicy, ontem, no seu terceiro comercial em favor de José Serra

Até eclipse
Depois do futebol no Haiti, dos Jogos Olímpicos na Grécia, "o governo Lula faz marketing até com a Lua", escreveu ontem "O Globo", acrescentando que é o que "dirá a oposição".
Em 27 de outubro, no próximo eclipse, "os maiores astrônomos do país irão ver o fenômeno com Lula" no palácio. E já se pensa numa campanha nacional "para que todos o vejam".

Nova Fiesp
Paulo Skaf, novo presidente da Fiesp, deu entrevista à estatal Agência Brasil. Cobrou "regras claras para que haja investimentos maciços em infra-estrutura". Em outras palavras:
- As Parcerias Público-Privadas são fundamentais.

Diferenças
O "New York Times" e até o britânico "Financial Times" destacaram a manifestação contra George W. Bush, em seus sites -com direito a foto, no "NYT", de um cartaz de Bush com a expressão "mentiroso".
Já no "Washington Post" a foto era da Olimpíada e a manchete, muito diferente:
- Convenção vai mostrar a liderança do presidente.

Moore com Bush
Para quem gostou de "Fahrenheit 9/11", Michael Moore vai cobrir a convenção pelo "USA Today". Pelos relatos de ontem, os republicanos não gostaram da idéia de ter o diretor andando pelo Madison Square Garden.

AINDA O DEBATE DE 89

veja.com.br/Reprodução
O livro "JN - A Notícia que Faz História"


A revista "Veja" destaca, nesta semana, o esperado livro histórico sobre a cobertura política da Globo, escrito pela própria Globo.
Sobre a edição do Jornal Nacional para o debate de 89, entre Collor e Lula, a revista avalia que o livro faz "corajosa e transparente discussão". Pelo seu relato, porém, mantém-se a dúvida sobre o papel de Alberico de Souza Cruz no episódio -ele que se tornaria, pouco depois, diretor de jornalismo da emissora.
Do vice-presidente da Globo, João Roberto Marinho:
- Depois desses anos todos, eu acredito que as duas edições [do debate, uma no Hoje, a outra no JN] estavam erradas: uma exagerou para um lado e a outra ficou aquém para o outro.


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