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MÍDIA
Com gesto, presidente eleito nega novo apoio à holding
BNDES não deve emprestar mais dinheiro à Globopar, indica Lula
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente eleito Luiz Inácio
Lula da Silva indicou ontem que,
no governo do PT, o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) não
deverá emprestar mais dinheiro à
Globopar, holding da família Roberto Marinho.
Após o encontro de Lula com o
presidente da Câmara, deputado
Aécio Neves (PSDB-MG), a Folha
perguntou por duas vezes a Lula
se o BNDES daria financiamento
à Globopar. Nas duas, o presidente eleito moveu o indicador de um
lado para outro, em negativa.
Depois de receber injeções de
capital ao longo do ano, a Globopar Comunicações e Participações anunciou anteontem um
reescalonamento da dívida externa de US$ 1,5 bilhão. A holding
culpou a alta do dólar ao justificar
sua decisão. Em 90 dias, a empresa pretende anunciar um novo
cronograma de pagamentos.
Em março deste ano, o BNDES
participou de operação para renovar debêntures emitidas pela
Globopar que estavam vencendo.
O banco utilizou cerca de R$ 30
milhões na operação.
Anteontem, Lula esteve na sede
da Globo, em São Paulo, das
19h50 às 22h55. Nessas 3h05min,
o presidente eleito permaneceu
por cerca de 1h15min ao vivo durante o "Jornal Nacional".
Segundo o assessor de imprensa
de Lula, Ricardo Kotscho, Lula
não conversou com ninguém da
empresa de comunicação sobre a
decisão da Globopar de suspender o pagamento de sua dívida.
Kotscho disse que a permanência de Lula na sede da TV Globo se
deveu a duas entrevistas concedidas no local: uma à rede de televisão CNN e à revista "Newsweek".
O assessor de imprensa também classificou como "coincidência" o fato de Lula estar na Globo
no mesmo dia em que a Globopar
anunciou sua reestruturação.
"Para falar para o Brasil, tem que
ser pela [TV] Globo", justificou.
Ainda anteontem à noite, o presidente do PT, José Dirceu, defendeu o socorro financeiro, com recursos públicos, a grupos de comunicação de capital nacional
que estejam endividados. Em entrevista ao "Roda Viva" (TV Cultura), considerou ser "assunto de
Estado" o risco de falência de empresas que têm função pública.
A Globopar controla a TV a cabo Net, o portal de internet Globo.com e a Editora Globo. Não estão sob gestão da holding a TV
Globo, o jornal "O Globo" e o Sistema Globo de Rádio.
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