São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 2002

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ELEIÇÕES

Quatro das cinco capitais onde o presidente eleito foi, proporcionalmente, menos votado são governadas pelo PT

Votação de Lula é mais baixa em capitais petistas

ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

RENATO FRANZINI
DA REDAÇÃO

Quatro das cinco capitais onde o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva obteve seu pior desempenho são administradas pelo PT. O petista também recebeu votação abaixo de sua média nacional em 75% das cidades administradas pelo PT em todo o país. O mesmo ocorreu em três dos cinco Estados governados pelo partido.
Levantamento feito pela Folha a partir do resultado final do segundo turno mostra que as piores votações de Lula nas capitais ocorreram em São Paulo (51,06% dos votos válidos), Campo Grande (56,16%), Porto Alegre (56,23%), Belém (58,81%) e Goiânia (59,01%). Todas essas cidades são administradas pelo PT, exceto Campo Grande, que é do PSDB.
Nas outras capitais petistas, Lula teve desempenho superior a sua média nacional -foi eleito presidente da República com 61,27% dos votos válidos. O petista recebeu 63,47% dos votos válidos em Recife, 71,39% em Aracaju e 75,64% em Belo Horizonte.
O petista venceu José Serra (PSDB) em todas as 26 capitais, recebendo em média 67,20% dos votos válidos. Ganhou inclusive em Maceió, apesar de Alagoas ter sido o único Estado onde o tucano teve mais votos que o petista.
Lula obteve votação abaixo de sua média nacional em 140 das 186 cidades administradas pelo PT em todo o Brasil -ou seja, em 75,27% dos municípios. Além disso, no segundo turno, o petista perdeu de Serra em 46 desses municípios (24,73%).
A pior derrota de Lula em cidades governadas pelo PT foi em Sananduva (RS), onde o petista teve 34,27% dos votos válidos.
Como em Sananduva, a maioria das derrotas aconteceu em cidades pequenas. Mas há também cidades grandes e médias, como Imperatriz (MA), onde teve 47,24% dos votos válidos, e Londrina (44,36%) e Maringá (47,89%), as duas maiores cidades petistas no Paraná. Em São Paulo, Lula perdeu em cidades como Lins (41,93%), Batatais (41,98%), Amparo (44,64%), Bebedouro (46,50%), Franca (49,03%) e Jaboticabal (49,39%).
Em outras cidades importantes, Lula venceu Serra, mas ficou bem abaixo de sua média nacional. Isso ocorreu nas paulistas Ribeirão Preto (50,18%), Piracicaba (51,32%) e Catanduva (51,82%), nas gaúchas Caxias do Sul (51,29%) e Pelotas (52,20%) e na catarinense Blumenau (52,92%).
O prefeito de Ribeirão Preto, Antônio Palocci Filho (PT), está licenciado do cargo e foi nomeado ontem por Lula coordenador de sua equipe de transição.
As maiores votações percentuais de Lula em cidades administradas pelo PT ocorreram em Timóteo (MG, 83,63%), Niterói (RJ, 80,47%), Feijó (AC, 77,09%) e Criciúma (SC, 76,28%).
Dos cinco Estados administrados pelo PT, Lula teve votação abaixo de sua média nacional em três deles: Mato Grosso do Sul (55,14%), Rio Grande do Sul (55,84%) e Acre (59,94%).
Ficou acima da média no Amapá (75,51%) e no Rio de Janeiro (78,97%), onde o PT elegeu vices que "herdaram" a administração neste ano, depois que os titulares -do PSB- deixaram os cargos.
Nas propagandas de Lula no horário eleitoral gratuito na TV, cidades e Estados administrados pelo PT foram mostrados como exemplos de que o partido tem experiência de governo.
A idéia dos marqueteiros foi ter um contra-argumento aos adversários, que citavam como uma das principais deficiências de Lula o fato de o petista nunca ter ocupado cargo no Executivo.



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