São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 2002

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James Carragher diz que petista é um democrata, mas sugere moderação; para ele, eleito pode causar "dores de cabeça democráticas"

Para EUA, será mais difícil atuar com Lula

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Os Estados Unidos acreditam que será mais difícil viabilizar suas propostas para a América Latina com o petista Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência do Brasil. Segundo um diplomata americano, o presidente eleito deverá empregar uma política externa mais combativa, capaz de trazer "dores de cabeça democráticas" à Casa Branca.
"Vamos ter que trabalhar mais duro com o governo Lula para ganhar apoio a algumas das questões que vamos perseguir", disse James Carragher, diretor do Departamento de Estado responsável pelo Brasil e países do Cone Sul, ao se referir à noção de que Lula será mais duro nas negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e demais questões comerciais. Mas ele disse esperar que as mudanças na política externa brasileira sejam "mais de tom que de conteúdo".
O diplomata participou ontem de seminário sobre o futuro das relações entre os dois países. A uma platéia de diplomatas brasileiros e de demais países da região, Carragher sugeriu ao presidente eleito que modere o tom de suas críticas aos EUA. Disse que, até domingo passado, o Departamento de Estado vinha relevando ataques feitos por Lula ao presidente George W. Bush e à Alca porque os viam como peças de "retórica de campanha".
Desde então, diz, os EUA passaram a ler as palavras dele com outros olhos. "O que Lula disse como candidato é uma coisa. O que disser como eleito será mais escrutinizado. A linguagem que adotar agora será mais importante." Carragher referia-se a duas declarações de Lula durante a campanha. Numa, ele caracterizou a Alca como um meio de os EUA anexarem o Brasil. Em outra, disse que "nove em cada dez palavras" pronunciadas por Bush são para provocar uma guerra.
Os EUA rejeitam quaisquer comparações entre Lula e os presidentes cubano, Fidel Castro, e venezuelano, Hugo Chávez, diz o diplomata. "Lula é um democrata, perdeu três disputas antes de se eleger." Indagado se o presidente eleito do Brasil traria problemas para os EUA, respondeu: "Apenas dores de cabeça democráticas".

Irã
O presidente do Irã, Mohammad Khatami, enviou a Lula uma mensagem de congratulação, em que diz esperar que "as relações dos dois países se desenvolvam cada vez mais".



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