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James Carragher diz que petista é um democrata, mas sugere moderação; para ele, eleito pode causar "dores de cabeça democráticas"
Para EUA, será mais difícil atuar com Lula
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Os Estados Unidos acreditam
que será mais difícil viabilizar
suas propostas para a América
Latina com o petista Luiz Inácio
Lula da Silva na Presidência do
Brasil. Segundo um diplomata
americano, o presidente eleito deverá empregar uma política externa mais combativa, capaz de trazer "dores de cabeça democráticas" à Casa Branca.
"Vamos ter que trabalhar mais
duro com o governo Lula para ganhar apoio a algumas das questões que vamos perseguir", disse
James Carragher, diretor do Departamento de Estado responsável pelo Brasil e países do Cone
Sul, ao se referir à noção de que
Lula será mais duro nas negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e demais
questões comerciais. Mas ele disse
esperar que as mudanças na política externa brasileira sejam
"mais de tom que de conteúdo".
O diplomata participou ontem
de seminário sobre o futuro das
relações entre os dois países. A
uma platéia de diplomatas brasileiros e de demais países da região, Carragher sugeriu ao presidente eleito que modere o tom de
suas críticas aos EUA. Disse que,
até domingo passado, o Departamento de Estado vinha relevando
ataques feitos por Lula ao presidente George W. Bush e à Alca
porque os viam como peças de
"retórica de campanha".
Desde então, diz, os EUA passaram a ler as palavras dele com outros olhos. "O que Lula disse como candidato é uma coisa. O que
disser como eleito será mais escrutinizado. A linguagem que
adotar agora será mais importante." Carragher referia-se a duas
declarações de Lula durante a
campanha. Numa, ele caracterizou a Alca como um meio de os
EUA anexarem o Brasil. Em outra, disse que "nove em cada dez
palavras" pronunciadas por Bush
são para provocar uma guerra.
Os EUA rejeitam quaisquer
comparações entre Lula e os presidentes cubano, Fidel Castro, e
venezuelano, Hugo Chávez, diz o
diplomata. "Lula é um democrata, perdeu três disputas antes de se
eleger." Indagado se o presidente
eleito do Brasil traria problemas
para os EUA, respondeu: "Apenas
dores de cabeça democráticas".
Irã
O presidente do Irã, Mohammad Khatami, enviou a Lula uma
mensagem de congratulação, em
que diz esperar que "as relações
dos dois países se desenvolvam
cada vez mais".
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