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ALTA ESPIONAGEM
Banco não contratou empresa, diz advogado de Daniel Dantas
Opportunity nega vínculo com espionagem da Kroll
Jamil Bittar/Reuters
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Policiais federais transportam documentos da Kroll apreendidos durante a Operação Chacal, que são embarcados para Brasília |
ANDRÉA MICHAEL
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O advogado do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, diz
que seu cliente não conhece as razões que levaram a Polícia Federal
e o Ministério Público a pedir e a
Justiça a autorizar o cumprimento de mandados de busca em sua
residência e na sede de seu banco,
o Opportunity, no Rio de Janeiro.
A afirmação é de Nélio Machado, que defende os interesses do
banqueiro: "Estou tendo que advogar com base em suposições.
Daniel Dantas desconhece os motivos que o tornaram alvo de um
mandado de busca e apreensão.
Se me dissessem, eu não acreditaria. Mas estive pessoalmente no
cartório e me foi informado que
os autos estavam com o Ministério Público, mas que tinha sido
determinado o retorno. E que só
teríamos vistas do processo na
quarta-feira", declarou.
Segundo o advogado, o mandado, deferido pelo juiz substituto
da 5ª Vara Federal de São Paulo,
Luiz Renato de Oliveira, em 20 de
outubro, é vago, se limita a fazer
referências a artigos da lei e não
traz o que seria essencial: "o fato e
o motivo que o justificariam".
Machado deu entrevista à Folha
ontem à tarde, da qual também
participou Amália Coutrim, diretora da CVC Opportunity, parte
do grupo comandado por Dantas.
Coutrim estava na manhã de
quarta na sede do Opportunity,
um dos 16 alvos da Operação
Chacal, na qual a PF apreendeu
documentos e equipamentos do
banco, da Brasil Telecom e da
Kroll. A Brasil Telecom, que é
controlada pelo Opportunity,
contratou a Kroll para espionar a
Italia Telecom, com a qual tem
ferrenhas disputas judiciais.
Segundo Coutrim e Machado, o
Opportunity não teve participação na contratação da Kroll, ato
atribuído à Brasil Telecom, devido as prejuízos que teria sofrido
devido às disputas com o grupo
italiano. "Não tenho notícia de
que isso tenha sido determinado
pelo Opportunity. Agora, se [o
banco] tomou conhecimento, no
mínimo, posteriormente, sim",
disse Machado, que recomendou
a Dantas o silêncio por ora.
A grande preocupação do Opportunity é manter o sigilo absoluto das operações de seus clientes, conteúdo que está em poder
da PF (o arquivo central do banco
no Rio foi apreendido) e está sendo analisado em Brasília. A perícia dos computadores do Opportunity pode abrir, na avaliação de
delegados, novos flancos na investigação, caso sejam identificadas remessas ilegais para o exterior ou deslizes fiscais. Por isso a
PF pediu o auxílio de técnicos do
Banco Central e da Receita.
Na próxima semana, Dantas e
Carla Cicco, presidente da Brasil
Telecom (formalmente responsável pelo contrato com a Kroll), serão intimados para para prestar
depoimento. Ontem, a PF colheu,
por cinco horas, o depoimento do
empresário Luiz Roberto Demarco, ex-sócio e hoje inimigo de
Dantas. Demarco se apresentou
na condição de convidado.
A PF se baseia no material
apreendido na sede da Kroll em
São Paulo para afirmar que a empresa teria capacidade para realizar grampos. Em nota divulgada
ontem, a Kroll diz que os aparelhos servem para varrer ambientes em busca de equipamentos de
escuta.
Justiça
A juíza plantonista da Justiça
Federal Sílvia Rocha decidiu ontem aguardar o resultado de uma
perícia nos equipamentos
apreendidos pela Polícia Federal
na sede da Kroll, em São Paulo,
para então resolver se mandará
soltar ou não os cinco funcionários da empresa presos na última
quarta-feira pela PF.
A juíza analisou um pedido de
relaxamento da prisão dos funcionários. Não há prazo para a perícia, que deve ser feita no Instituto Nacional de Criminalística, em
Brasília, ser concluída. Os funcionários da Kroll estão presos na
custódia da PF, em São Paulo. A
PF decidiu prendê-los após localizar equipamentos que supostamente podem ser usados para interceptações telefônicas. Eles foram acusados de "formação de
quadrilha ou bando".
O advogado Antonio Claudio
Mariz de Oliveira, que defende os
funcionários, disse que tentará reverter a decisão da juíza na próxima quarta: "O flagrante foi absolutamente inexistente, fora de
qualquer parâmetro jurídico".
O advogado do investigador da
Kroll Tiago Verdial, Eduardo Carnelós, disse que até ontem, passados quase quatro meses desde a
primeira operação de busca e
apreensão contra seu cliente, não
havia tido acesso aos autos na Justiça Federal. A casa de Verdial, no
Rio de Janeiro, voltou a ser alvo de
uma operação de busca e apreensão na última quarta-feira.
Colaborou RUBENS VALENTE, da Reportagem Local
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