DO ENVIADO A LA PAZ

Leia, a seguir, a entrevista à Folha do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli:  

FOLHA - O acordo foi uma nacionalização ou reforma tributária?
JOSÉ SÉRGIO GABRIELLI - Não foi nem uma coisa nem outra. Para nós, é um acordo referente aos campos de San Alberto e San Antonio, é um acordo que tem componentes de prestação de serviços porque tem um volume de pagamentos, impostos e ressarcimento de custos, mas tem um componente de compartilhamento de produção na medida em que a parcela adicional é variável em razão dos investimentos, da produção, dos preços e da depreciação. Portanto, temos um componente próximo de um contrato de compartilhamento de produção, o que nós queremos, e também tem componentes de prestação de serviços, que é o que a YPFB queria.

FOLHA - Havia o temor de que a Petrobras perderia...
GABRIELLI - [Interrompe]A Petrobras não está perdendo nesse contrato, está com o retorno de seus investimentos garantidos, por isso a Petrobras continua na operação.

FOLHA - Em quanto fica o "government take" [parcela que fica com o governo na comercialização do gás]?
GABRIELLI - O government take é o 50% do contrato. Agora, a outra parcela que a YPFB vai ganhar é a referente à parcela adicional do contrato, que vai depender de quatros variáveis.

FOLHA - A Bolívia acabou cedendo, então, na alíquota de 82%?
GABRIELLI - Não é que ele cedeu, ele converge, na tabela de longo prazo, para uma alíquota de 82% à medida que os campos vão atingindo um ritmo de produção mais alto. Mas não é mais uma taxa fixa de 82%.

FOLHA - A Petrobras também temia perder a sua capacidade empresarial.
GABRIELLI - Isso nós cedemos. A YPFB vai ter uma voz maior na lista de fornecedores, tem um poder muito maior de gestão empresarial do que tinha antes. Em troca, asseguramos o retorno de nossos investimentos.


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