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TRANSIÇÃO
Lula e Aécio intervieram em crise e Itamar conseguiu promessa de obter verba para pagar servidores ainda este ano
Após acordo, Minas deve receber R$ 550 mi
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Na primeira crise administrada
pelo presidente eleito, Luiz Inácio
Lula da Silva, o governador de Minas, Itamar Franco (sem partido),
conseguiu a promessa de que receberá R$ 550 milhões ainda na
gestão FHC para pagar o salário
atrasado dos servidores do Estado, segundo a Folha apurou.
A crise aconteceu porque o chefe da equipe de transição e virtual
ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho, vetou a edição de uma
medida provisória que daria recursos para Minas e possivelmente mais nove Estados, pressionando a equipe econômica a não honrar acordo fechado com Itamar
pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e endossado no bastidor pelo PT. Apesar de negar, Palocci vetou, sim, a MP.
Lula interveio, levando seu virtual ministro da Fazenda a sofrer
sua primeira derrota pontual e a
fazer uma concessão a Itamar, aliado do presidente eleito desde
o primeiro turno.
O governador eleito de Minas,
Aécio Neves, também atuou como bombeiro e mediador do
acordo. Ele falou com Lula e o
presidente Fernando Henrique
Cardoso. "Além de almoçar com
Palocci, conversei com o atual
presidente e com o presidente
eleito. Os dois me garantiram que
tentarão resolver o problema, respeitando a responsabilidade fiscal", afirmou Aécio.
A intervenção de Lula ocorreu
ontem de manhã. Ele telefonou
para Aécio ao saber da divulgação
da nota dura de Itamar cobrando
o cumprimento do acordo que tinha conhecimento do PT. Apesar
de contrariado com Itamar, Lula
pediu que Aécio almoçasse com
Palocci em São Paulo e o ajudasse
a resolver o imbróglio.
Apesar da derrota para Itamar,
que também não levará o R$ 1,2
bilhão reivindicado, Palocci elaborará junto com a equipe econômica uma medida provisória que permitirá atrasar e até diminuir o
repasse de recursos aos Estados
que desejam ressarcimento de
despesas que tiveram com estradas federais.
Antes da crise de ontem, previa-se um gasto de até R$ 9 bilhões
com a MP. Agora, ele deverá cair
para cerca de R$ 1,5 bilhão. Um
comissão a ser criada pelo novo
governo analisará as reivindicações dos Estados. A MP deverá ter
regras para diminuir o valor a ser
pago pela União. Exemplo: será
quitado apenas 50% do valor que
for constado como devido.
Fiel ao estilo de não comprar
briga publicamente, Palocci atribuiu o veto à MP ao atual governo. Disse que fez apenas uma sugestão à equipe econômica de
FHC, a de que cada despesa tivesse uma receita correspondente.
"Não é papel do governo de
transição formular ou vetar medidas provisórias, projetos de lei ou
mudanças administrativas. E esse
tem sido nosso procedimento padrão. O governo é livre para implantar as medidas que considerar necessárias, e nós, da equipe
de transição, apenas sugerimos
alguns pontos, que o atual governo pode aceitar ou não."
Mais: também atribui a rispidez
da nota de Itamar a um assessor.
"Deve ter sido alguma declaração
momentânea de Itamar, por
quem temos grande apreço", afirmou. No entanto, Lula e Palocci
ficaram contrariados com o governador mineiro. Em conversas
reservadas, criticaram Itamar.
Mas, oficialmente, Palocci afirmou: "Itamar Franco conta com
total prestígio entre nós, como ex-presidente da República e governador de Minas. Temos um grande apreço por ele e a relação é
muito positiva, pelo menos da
nossa parte".
Palocci disse ainda ter pedido
paciência a Aécio para resolver o
problema com tranquilidade na
próxima semana.
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