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PÓS-GOVERNO
Relatório concluiu que ministro "não teve nenhum envolvimento" nos textos que resultaram na medida provisória 70
Comissão deixa Parente livre da quarentena
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Comissão de Ética Pública da
Presidência da República, em decisão anunciada ontem, manteve
a dispensa de quarentena para o
ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente. Está confirmada a
autorização para que ele assuma a
vice-presidência do grupo gaúcho
RBS (Rede Brasil Sul de Comunicação) a partir de 1º de fevereiro.
Parente havia sido dispensado
pela comissão, no mês passado,
de cumprir a quarentena de quatro meses imposta a integrantes
do primeiro escalão do governo.
A comissão, no entanto, reabriu
o caso após a publicação de uma
notícia no site Carta Maior sobre a
suposta atuação dele na elaboração da medida provisória 70, que
regulamentou a participação do
capital estrangeiro em empresas
de comunicação e alterou as regras de controle das empresas de
radiodifusão.
O texto da MP, assinada por
FHC no início de outubro, continha um artigo favorável a grupos
que concentram muitas concessões de rádio e TV, como a RBS.
Ele permitia que os acionistas
participassem com até 20% do capital das emissoras, fora dos limites de concentração de propriedade estabelecidos pela legislação.
A investigação sobre a ida de
Parente para a RBS foi noticiada
pela Folha na quarta. No mesmo
dia, o texto da MP foi aprovado
pela Câmara, mas sem o artigo 9º,
que suscitou a polêmica.
A Comissão de Ética Pública
deu por concluída a investigação
em uma semana, embora a análise do caso pelos seis conselheiros
estivesse prevista para 5 de dezembro. Segundo a nota divulgada pelo presidente do conselho,
João Geraldo Piquet Carneiro,
houve unanimidade de votos. A
conclusão foi de que Parente "não
teve nenhum envolvimento pessoal na elaboração ou discussão"
dos textos que resultaram na MP.
Segundo o relatório da comissão, foram ouvidos o Ministério
das Comunicações, o secretário-executivo da Casa Civil e a empresa de consultoria SpencerStuart,
que assessorou a RBS na contratação de Parente.
O ministro das Comunicações,
Juarez Quadros do Nascimento,
disse à comissão que foi dele a iniciativa de propor a MP. Assegurou que o texto foi redigido pela
consultoria jurídica do ministério
e que, embora a redação final tenha sido em conjunto com a subchefia de assuntos jurídicos da
Casa Civil, não houve participação de Parente "em nenhum momento das discussões". Disse que
discutiu o assunto diretamente
com o presidente FHC.
A empresa de consultoria SpencerStuart afirmou que a RBS não
participou do processo de seleção
dos candidatos ao cargo de vice-presidente da corporação. A Casa
Civil divulgou nota em que Parente diz ter acompanhado "confiante a cabal desqualificação de
insinuações e a dissipação de
quaisquer dúvidas".
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