São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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Triplica número de mulheres casadas chefiando a casa

DA SUCURSAL DO RIO

Um sinal de mudança dos papéis entre homens e mulheres na família brasileira foi captado pelo Censo: de 1991 a 2000, triplicou a proporção de mulheres responsáveis pelos domicílios, mesmo vivendo com seus cônjuges, maridos ou companheiros.
Em 1991, 5,6% das responsáveis pelos domicílios eram casadas. A proporção atingiu 16,7% em 2000. O fenômeno foi maior nas capitais e cidades com mais de 500 mil habitantes: subiu de 7% para 19%.
É uma novidade observada pelo IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pois, normalmente, a mulher responsável pelo domicílio dirige a casa sozinha. É assim nos outros 83,3% de domicílios "femininos", onde não há cônjuge.
No total, subiu de 18,1% para 24,9% a proporção de domicílios com mulheres responsáveis. "É uma mudança cultural muito significativa, pois a mulher assume que, mesmo casada, é ela a responsável pelo domicílio", diz Bárbara Cobo, técnica do IBGE.
O resultado reflete a maior participação da mulher no mercado de trabalho, seu maior espaço de decisão na família e é sinal de que o homem já admite não ser o único titular de responsabilidades no domicílio, dividindo tarefas também num questionário formal.
Para a técnica do IBGE, uma mudança no termo usado no questionário pode ter favorecido o resultado: "responsável pelo domicílio", em 2000, substituiu o que até então se chamava de "chefe de família" -expressão comumente associada à autoridade atribuída ao homem.
O IBGE, diz a técnica, quis captar alterações na estrutura familiar brasileira e contemplar a Constituição de 1988, que atribuiu responsabilidades iguais a homem e mulher na família e no casamento. No Censo 1991, primeiro após a nova Constituição, não houve tempo para a mudança.
Para o IBGE, a indicação do responsável pelo domicílio é decisão da família; independe de sexo, idade ou de quem ganha o maior salário.

Pais com crianças
O Censo mostra também que, entre as crianças de zero a seis anos vivendo com só um cônjuge, cresceu a taxa das que vivem só com o pai. Mas é ainda uma parcela pequena: 2,5% em 2000, contra 1,7% em 1991. Muito mais comum é a criança ficar sob responsabilidade de uma mulher: 13,4% do total de crianças dessa faixa etária.
"Para essas crianças que vivem só com um dos cônjuges, há uma situação merecedora de atenção. No caso das mulheres, elas ainda costumam ganhar salários menores que os homens, o que pode deixar as crianças em situação mais frágil", diz Cobo. (FE)


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