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Triplica número de mulheres casadas chefiando a casa
DA SUCURSAL DO RIO
Um sinal de mudança dos papéis entre homens e mulheres na
família brasileira foi captado pelo
Censo: de 1991 a 2000, triplicou a
proporção de mulheres responsáveis pelos domicílios, mesmo vivendo com seus cônjuges, maridos ou companheiros.
Em 1991, 5,6% das responsáveis
pelos domicílios eram casadas. A
proporção atingiu 16,7% em 2000.
O fenômeno foi maior nas capitais e cidades com mais de 500 mil
habitantes: subiu de 7% para 19%.
É uma novidade observada pelo
IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
pois, normalmente, a mulher responsável pelo domicílio dirige a
casa sozinha. É assim nos outros
83,3% de domicílios "femininos",
onde não há cônjuge.
No total, subiu de 18,1% para
24,9% a proporção de domicílios
com mulheres responsáveis. "É
uma mudança cultural muito significativa, pois a mulher assume
que, mesmo casada, é ela a responsável pelo domicílio", diz Bárbara Cobo, técnica do IBGE.
O resultado reflete a maior participação da mulher no mercado
de trabalho, seu maior espaço de
decisão na família e é sinal de que
o homem já admite não ser o único titular de responsabilidades no
domicílio, dividindo tarefas também num questionário formal.
Para a técnica do IBGE, uma
mudança no termo usado no
questionário pode ter favorecido
o resultado: "responsável pelo domicílio", em 2000, substituiu o
que até então se chamava de "chefe de família" -expressão comumente associada à autoridade
atribuída ao homem.
O IBGE, diz a técnica, quis captar alterações na estrutura familiar brasileira e contemplar a
Constituição de 1988, que atribuiu
responsabilidades iguais a homem e mulher na família e no casamento. No Censo 1991, primeiro após a nova Constituição, não
houve tempo para a mudança.
Para o IBGE, a indicação do responsável pelo domicílio é decisão
da família; independe de sexo,
idade ou de quem ganha o maior
salário.
Pais com crianças
O Censo mostra também que,
entre as crianças de zero a seis
anos vivendo com só um cônjuge,
cresceu a taxa das que vivem só
com o pai. Mas é ainda uma parcela pequena: 2,5% em 2000, contra 1,7% em 1991. Muito mais comum é a criança ficar sob responsabilidade de uma mulher: 13,4%
do total de crianças dessa faixa
etária.
"Para essas crianças que vivem
só com um dos cônjuges, há uma
situação merecedora de atenção.
No caso das mulheres, elas ainda
costumam ganhar salários menores que os homens, o que pode
deixar as crianças em situação
mais frágil", diz Cobo.
(FE)
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