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NA SITUAÇÃO
Ministro afirma que está "muito bem e feliz" na Casa Civil e que não cogita assumir a presidência do Legislativo
Dirceu diz que está bem no cargo e nega interesse pela Câmara
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro José Dirceu, da Casa
Civil, disse ontem, em São Paulo,
que está "muito bem e feliz" no
governo, exercendo a função que
lhe foi determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva
-cuidar da parte gerencial do
governo, e não da coordenação
política, cuja incumbência está a
cargo do ministro Aldo Rebelo.
Dirceu, que compareceu a um
almoço promovido pela ADVB
(Associação dos Dirigentes de
Vendas e Marketing do Brasil),
afirmou que deve permanecer no
governo, apesar de especulações
que o apontam como o substituto
de João Paulo Cunha (PT-SP) na
presidência da Câmara.
"Não quero voltar para a Câmara nem quero ser articulador político do governo, muito menos ser
presidente da Câmara", afirmou.
"Quero ficar onde estou." Há cerca de dez dias, Lula e Dirceu tiveram uma conversa, no Palácio do
Planalto, na qual o presidente teria dito que não quer ver Dirceu
atuando na coordenação política.
Em discurso para empresários,
o ministro enumerou os avanços
obtidos pelo país no atual governo, como a redução do desemprego e o aumento da produção industrial. Questionado por um dos
presentes sobre a promessa do
então candidato Lula de criar 10
milhões de empregos, Dirceu foi
contraditório. Primeiro, disse que
para atingir essa meta, seria necessário "medir os empregos informais criados".
Depois, negou que Lula tivesse
feito essa promessa durante a
campanha. "O presidente, a rigor,
se olharmos os "tapes" da época,
não prometeu criar 10 milhões de
empregos. Ele disse que a necessidade do país era criar 10 milhões
de empregos em quatro anos."
A platéia, então, reagiu ruidosamente. "Mas vamos aceitar o desafio. O empresariado e o governo
têm de aceitar esse desafio porque, se o país não consegue criar
10 milhões de empregos em quatro anos, o que será do futuro do
país?" Neste ano foi criado mais
de 1,7 milhão de empregos com
carteira assinada.
Dirceu disse que acredita num
crescimento superior a 4% também nos próximos anos, "mas
dentro das possibilidades do
país". "Não podemos fazer política irresponsável."
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), Paulo Skaf, que participou do almoço, cobrou mudanças. "Ou muda a política econômica ou não teremos no ano que
vem o crescimento que teremos
neste ano", afirmou.
Para Dirceu, "a política de desenvolvimento não é só a política
fiscal, não é só a política de juros".
Dirceu disse que "o Brasil não é
um país que tem um governo que
só tem política econômica no sentido monetário e fiscal, que é determinante, porque sem estabilidade o país não cresceria. Mas temos outras políticas que viabilizam o crescimento do país".
Disputa
Provocado por um empresário,
que o questionou sobre a disputa
entre ele e o ministro da Fazenda,
Antonio Palocci, Dirceu admitiu
que há divergências entre ambos,
"e elas são decididas pelo presidente da República". O ministro
da Casa Civil também frisou que
trabalha "há décadas" com Palocci e não acredita que "por causa
da diferença de avaliação de determinados momentos da política
econômica vamos nos desentender em relação ao governo e àquilo que é essencial: manter a unidade do governo".
Ao falar sobre a mudança no comando do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), com a troca de
Carlos Lessa por Guido Mantega,
Dirceu disse que o comando do
banco "está em boas mãos". E explicou: "Quando digo que está em
boas mãos é que começaram a fazer comentários que o ministro
Mantega seria menos ou mais nacionalista, menos ou mais progressista. Ele é um desenvolvimentista como somos todos, inclusive o ministro Palocci".
Na reunião entre ministros do
PT e o presidente Lula, na semana
passada, Palocci foi muito criticado pela condução da política econômica, que, segundo os petistas,
estaria impedindo um crescimento maior do país.
Sobre a taxa de juros -atualmente em 17,25% ao ano-, Dirceu foi questionado sobre o discurso do PT, e do então candidato
Lula, que dizia, antes de assumir o
governo, que a queda na taxa era
questão de vontade política. Ontem, Dirceu assentiu que "a taxa
de juros não depende [apenas] de
vontade política".
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