São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2004

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PT NO DIVÃ

Presidente discursa para prefeitos eleitos do partido e minimiza derrota de candidatos petistas em SP e Porto Alegre

Lula cobra empenho do PT e elogia Palocci

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em discurso para mais de 300 prefeitos eleitos do PT ontem, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou empenho para a realização das promessas históricas do partido, defendeu a política econômica, minimizou as derrotas petistas em São Paulo e Porto Alegre e fez alertas sobre as dificuldades de governar.
De improviso, começou sua fala com uma brincadeira. "Nesse período vocês todos têm o poder e nenhum problema. Depois vocês vão ter muitos problemas e menos poder", disse.
Segundo Lula, não há melhor período que aquele entre a vitória nas urnas e a posse. E fez um alerta: "O primeiro ano de mandato é o mais de difícil".
Lula disse estar tranqüilo quanto aos compromissos feitos em sua campanha e as realizações de seu governo. Defendeu a política econômica do governo e, mais especificamente, o ministro Antonio Palocci (Fazenda), que não discursou no evento.
Ao dizer que está afinado com o petista "como a "5ª Sinfonia de Beethoven'", Lula completou: "Palocci é um cara mais tranqüilo. Mas nós pensamos 99% das coisas iguais. Há uma diferença no tom das falas", declarou Lula.
Sem citar nominalmente a prefeita Marta Suplicy, o presidente afirmou que a imprensa de São Paulo polarizou a disputa apenas das eleições naquela capital, fazendo parecer que havia um embate PT-PSDB em todo país. "O PT nem perdeu, nem PT e nem PSDB foram os protagonistas", disse, lembrando que as duas siglas tiveram apenas cerca de um terço de todos os votos no país.
Sobre a derrota em Porto Alegre, Lula teceu elogios ao agora ministro Olívio Dutra, que já governou a cidade. "Perdemos? E daí? O povo quer fazer outra experiência", disse. Sobre as dificuldades financeiras, Lula deu outro aviso: "A gente sempre arrecada menos do que precisa". Entre outros comentários, pediu que os prefeitos lembrassem: "Nem todo mundo é tão amigo da gente."
"Nós temos que perguntar se nós temos competência para fazer tudo aquilo que ao longo dos últimos 30 anos acalentamos junto ao nosso povo que a gente seria capaz de fazer", disse Lula, levantando aplausos.
Antes de Lula, discursou o ministro José Dirceu (Casa Civil), que também fez ampla defesa da política econômica adotada até agora. Segundo ele, o ajuste fiscal está inserido numa política maior de desenvolvimento que inclui a ampliação dos programas sociais.
Ele fez um balanço dos sucessos obtidos até agora e anunciou como prioridade para 2005 o investimento em infra-estrutura e na educação técnica profissional.
Entre os destaques, o combate ao crime organizado e a "luta sem quartel" contra a corrupção. "Não fizemos apenas um saneamento fiscal", disse Dirceu.
No encontro do PT, o governo federal promove hoje um "curso intensivo" de administração municipal para o grupo de prefeitos eleitos . Utilizando funcionários de suas pastas, seis ministérios estarão ensinando os petistas a obter verbas e a conhecer os programas sociais do governo.
As "aulas" dos ministros no "Encontro Nacional de Prefeitos e Prefeitas do PT" servirão bem a ambos os lados. Dos 411 prefeitos eleitos, apenas 83 são reeleitos. Para o governo, interessa fortalecer a execução na ponta de seus programas sociais -hoje alvo de fortes críticas. Além disso, administrações petistas eficientes pulverizadas em todo país darão base sólida para reeleger Lula em 2006, que chegou ontem por volta das 20h30 ao evento.
"Vamos discutir a necessidade de estarmos unidos na reeleição do presidente Lula. Por melhor gestores que sejamos, não resolveremos os problemas sozinhos. Isso faz parte de um plano nacional. E passa pela reeleição [de Lula]. Precisamos ganhar em 2006 e isso requer uma base aliada ampla", afirmou antes do início do encontro o prefeito reeleito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel.
(LEILA SUWWAN, LUIS RENATO STRAUSS E JULIA DUAILIBI)


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