São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2004

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Grupo tenta deter convenção peemedebista

FERNANDO RODRIGUES
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ala do PT sob influência de José Dirceu (Casa Civil) faz pouco esforço para ajudar na manutenção do PMDB no governo. Por essa razão, está cada vez mais difícil para os peemedebistas governistas adiar a convenção nacional da sigla, marcada para o dia 12, e que pode resultar no rompimento com o Planalto.
Por conta desse cenário, a ala governista do PMDB estuda tomar medidas jurídicas para evitar a convenção. É possível que o encontro seja suspenso por alguma medida liminar da Justiça.
"Vou esgotar até o último minuto do tempo disponível para mostrar que a convenção só nos divide. Oficializará as fraturas expostas do partido e ampliará o mal-estar entre os companheiros", diz o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira (PMDB), um dos articuladores da ala pró-Planalto.
Para o ministro, seria uma "loucura com o país" a saída da base aliada. "Neste momento, o PMDB tirar o seu apoio é desmantelar a governabilidade do país." Para ele, caso ocorra, a convenção servirá para "prestar um desserviço" ao país.
Eunício não fala, mas a Folha apurou que advogados já estudam possibilidades para melar na Justiça o encontro.
A situação para o PMDB governista fica mais difícil a cada dia porque o PT não tem feito esforços para agradar à sigla nos Estados. Esse corpo mole é comandado, segundo a Folha ouviu de peemedebistas, por Dirceu. A Casa Civil nega.
A ação mais recente do PT contra o PMDB foi em Santa Catarina. No fim de semana, o PT estadual decidiu romper com o governador Luiz Henrique, peemedebista.
O PMDB tem hoje dois ministérios (Comunicações e Previdência). Se a convenção for realizada, é quase certo que será aprovada a entrega desses e de outros cargos de peemedebistas. Na prática, no Congresso, o significado não seria tão grande. Os governistas do PMDB possivelmente continuariam a votar com o Planalto.
Os peemedebistas que se recusarem a sair do governo, porém, poderiam enfrentar processo de expulsão.
Só há duas formas de a convenção nacional não ser realizada: a Executiva do partido desconvocá-la ou alguma decisão judicial.
Composta por 16 membros, a Executiva peemedebista tende a ser hoje mais oposicionista. Entre os 15 titulares (um cargo está vago), o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) prevê placar anti-Lula de 8 a 7. O voto do primeiro suplente seria pelo rompimento.
Conseqüência dessa indecisão do PMDB é que empaca a reforma ministerial. Lula não quer correr o risco de nomear um ministro que fique ameaçado de expulsão.


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