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INTELIGÊNCIA
Abin pretende formar espiões nos moldes da CIA
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os arapongas da Abin (Agência
Brasileira de Inteligência) deixaram de lado a discrição no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Programaram para sábado um
"jantar-show" com Jorge Ben Jor,
querem ter aulas em faculdades
norte-americanas, elaboram hino
e bandeira e pretendem conceder
um "diploma amigo da Abin" para personalidades que tenham auxiliado suas atividades.
A Abin pediu formalmente à
CIA (a agência de inteligência dos
Estados Unidos) informações para a criação da Academia Nacional de Inteligência no Brasil.
Também estão previstos cursos
de agentes brasileiros na JMIC
(Joint Military Intelligence College), uma faculdade especializada
em inteligência nos EUA.
As informações constam do jornal dos cem dias da gestão de
Mauro Marcelo de Lima e Silva no
órgão, enviado ontem a jornalistas e parlamentares federais. Foram impressos 5.000 exemplares.
Segundo a agência, o custo, cujo
valor não foi divulgado, foi pago
por Lima e Silva, por meio de um
cheque pessoal.
O "jantar-show" com Jorge Ben
Jor e a banda do Zé Pretinho será
pago, segundo a Abin, pela associação de funcionários da agência.
A Folha apurou que todos os ministros foram convidados, mas a
maioria recusou. Lula ainda não
deu resposta ao convite.
O show vai ocorrer no estacionamento da agência, em Brasília.
O convite pede que os participantes usem traje azul ou branco -as
cores da agência. "O que você
acha de desfrutar as delícias de
um jantar tropical e divertir-se
em um show?", diz.
Apesar da festa, a Abin passa
por crise financeira e de pessoal.
Os concursos para o órgão possuem alto grau de evasão, devido
aos baixos salários. Ao tomar posse, Lima e Silva conseguiu uma
pequena trégua abrindo canais de
diálogo com servidores e instituindo grupos de trabalho para
estudar os problemas.
A função da Abin é subsidiar a
Presidência da República com informações estratégicas para melhor tomada de decisões. O órgão
foi criado para substituir o SNI
(Serviço Nacional de Informações), que promoveu espionagem
e perseguição política durante a
ditadura militar (1964-1985).
Exterior
"A implementação de mudanças na agência deve ser orientada
em três eixos estratégicos: maior
presença da Abin no interior do
país, sobretudo na Amazônia e na
linha de fronteira; maior participação no exterior, com prioridade para América do Sul e África
meridional; e reformulação da estrutura organizacional", diz trecho do editorial de Lima e Silva na
publicação da agência.
Segundo o jornal, "está sendo
implementado processo para a
instalação de novos postos da
Abin no exterior". A Abin possui
escritórios hoje na Argentina e
nos EUA. De acordo com o jornal,
serão abertos novos postos no Paraguai e na Colômbia. A pedido
do presidente Lula, a Abin também estuda a instalação de um escritório na China.
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