DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

As respostas evasivas de Ademirson Ariovaldo da Silva, assessor do ministro Antonio Palocci (Fazenda), à CPI dos Bingos irritaram a oposição. Auxiliar direto de Palocci há 18 anos, Ademirson repetiu ontem por duas horas praticamente a mesma frase: "desconheço", "não tenho conhecimento sobre isso", "nunca tratei desse assunto". Ele eximiu o ministro por eventuais negociatas feitas por amigos de Ribeirão.
Para a oposição, Ademirson "só complicou" a situação de Palocci. "Se o sr. insistir na tese de que não sabia, vai deixar o ministro em situação complicada, porque vamos inquirir o ministro sob a égide da desconfiança", disse o líder do PFL, José Agripino Maia (RN). O presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB), espera definir hoje a data do depoimento de Palocci. Ele disse que a CPI deverá aprovar hoje a quebra dos sigilos telefônico, fiscal e bancário de Ademirson e que planeja fazer uma acareação entre ele e Rogério Buratti, Vladimir Poleto e Juscelino Dourado.
Para o senador Tião Viana (PT-AC), porém, Ademirson foi esclarecedor: "Ele confirmou o completo desconhecimento do ministro Palocci sobre seus contatos com o Buratti, Poleto e Ralf Barquete, que eram pessoais".
A CPI suspeita que Ademirson era o "elo" entre o gabinete de Palocci e o chamado "grupo de Ribeirão". Um dos principais indícios é o volume de telefonemas entre Ademirson, Buratti, Poleto e Ralf Barquete (que morreu em 2004). Ademirson e Poleto (suspeito de ter transportado caixas de bebida contendo dólares de Cuba para o PT) trocaram mais de 1.400 ligações: "Sou muito amigo do Poleto, inclusive éramos vizinhos em Ribeirão. Eram conversas de amigo, falávamos de assuntos diversos". (CHICO DE GOIS E SILVIO NAVARRO)

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