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Cassação pode ser votada hoje, após 3 adiamentos
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Até ontem era incerta a realização da sessão, na Câmara, para
votar a cassação do deputado José
Dirceu (PT-SP), ex-homem forte
do governo e um dos responsáveis pela chegada de Luiz Inácio
Lula da Silva à Presidência.
Um imbróglio jurídico, a ser decidido durante a tarde pelo Supremo Tribunal Federal, ainda pode
atrasar o desfecho do processo.
A sessão está marcada para as
19h05. Para que a cassação seja
aprovada, pelo menos 257 dos 513
deputados têm de apoiá-la. Dirceu calcula ter 200 votos, a maioria em partidos da base aliada.
Avalia que outros 200 são firmes
contra ele e luta para conquistar
ao menos 60 dos 113 restantes.
Antes que a Câmara tenha a
chance de decidir, as atenções estarão voltadas para o ministro do
Supremo Sepúlveda Pertence. É
dele o voto de desempate em
mandado de segurança pedido
pela defesa de Dirceu.
Pertence dirá hoje se concorda
ou não com a tese de que houve
cerceamento de defesa, pelo fato
de ter ocorrido "inversão processual", como alega o ex-ministro.
Ou seja, testemunhas de defesa
foram ouvidas antes das de acusação, sem a oportunidade de rebater as suspeitas lançadas.
Até agora, são 5 votos pelo recurso e 5 contra. Pertence, que
não votou na semana passada por
razões de saúde, pode recusar o
mandado de segurança, autorizando a votação na Câmara hoje,
ou acatar o recurso. O alcance da
decisão, que também ainda está
indefinido, pode obrigar as testemunhas de defesa a serem novamente ouvidas. Isso jogaria uma
decisão da Câmara para 2006.
Existe ainda uma saída intermediária, baseada no voto dado pelo
ministro César Peluso: acatar a liminar, mas autorizando a votação
desde que trechos "comprometidos" pela inversão processual sejam retirados do relatório.
A "saída Peluso" é considerada
a mais provável. Nesse caso, ainda
assim haverá contestação: o advogado José Luis Oliveira Lima, que
representa Dirceu, promete entregar uma petição a Aldo num
intervalo de minutos, dizendo
que não pode haver a votação hoje porque a nova versão do relatório, sem os trechos excluídos, precisaria ser distribuída aos parlamentares com antecedência.
Se for acolhida essa argumentação, a votação fica postergada por
mais uma semana -seria o quarto adiamento. Se não, a defesa pode novamente entrar no STF.
Pertence
O motivo da ausência de Sepúlveda Pertence à sessão que iniciou
o julgamento do pedido de liminar de Dirceu foi uma contusão
na perna, que comprometeu parcialmente o seu movimento, segundo relato de um amigo.
A primeira explicação do STF
sobre a ausência dele foi a ocorrência de flebite -inflamação em
uma ou mais veias. Em seguida, a
informação foi corrigida para labirintite. Ontem, surgiram especulações sobre uma suposta crise
de depressão. O amigo do ministro disse que todas essas versões
estão erradas.
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