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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O MARQUETEIRO
Marqueteiro justifica transferência a ex-tesoureiro do PT; operação foi detectada por CPI
Duda dá R$ 10 mil a Delúbio e diz ser aposta sobre Serra
MARTA SALOMON
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Durante a campanha de Luiz
Inácio Lula da Silva ao Planalto, o
marqueteiro Duda Mendonça e o
então tesoureiro do PT, Delúbio
Soares, teriam feito uma aposta.
Sem levar em conta o desempenho do candidato nas pesquisas,
Duda teria oferecido R$ 10 mil pelo palpite de que o tucano José
Serra nem chegaria ao segundo
turno das eleições de 2002.
A história da aposta foi contada
ontem pelo marqueteiro e pelo
ex-tesoureiro petista. Seus advogados a apresentaram como justificativa para a transferência de R$
10 mil da conta de Duda para a de
Delúbio em setembro de 2003. A
operação foi detectada pela CPI
dos Correios, com base na quebra
do sigilo bancário de Duda.
"Ele apenas honrou uma aposta
feita numa conversa de amigos,
enquanto tomavam uma cerveja", disse o advogado do marqueteiro, Tales Castelo Branco. Delúbio, se perdesse a aposta, pagaria
R$ 1.000 a Duda, contou Flávia
Rahal, sócia do advogado do ex-tesoureiro, Arnaldo Malheiros.
Mais do que desvendar o motivo do pagamento de R$ 10 mil a
Delúbio, a CPI quer chegar à origem e ao destino de cerca de R$
400 milhões movimentados pelo
marqueteiro no BankBoston nos
últimos cinco anos. O valor refere-se ao montante de operações
cujas informações chegaram incompletas à CPI e que ameaçam
as conclusões dos trabalhos.
"Não significa que esteja havendo má-fé dos bancos, não temos
como afirmar isso, mas a falta de
informações prejudica as investigações", avalia o sub-relator de
movimentação financeira, Gustavo Fruet (PSDB-PR). "Estamos
diante de um queijo suíço."
Segundo a Folha apurou, de 1,3
milhão de operações bancárias
rastreadas pela CPI, 40 mil não
têm origem ou destino especificados. Falhas aparecem nas informações fornecidas por BankBoston, Rural e Banco do Brasil.
O depósito de R$ 10 mil feito por
Duda na conta de Delúbio, por
exemplo, já havia aparecido antes
como crédito de origem não informada na quebra do sigilo do
ex-tesoureiro petista.
A CPI também localizou a
transferência bancária de R$ 19,7
mil da corretora Stockolos Avendis EB Empreendimentos, Intermediações e Participações Ltda.,
do doleiro Lúcio Funaro, um dos
fundadores da Guaranhuns Empreendimentos. As duas empresas estão sob investigação da CPI.
Segundo o advogado de Duda, a
transferência bancária feita em 12
de maio deste ano pela corretora
faz parte do pagamento ao marqueteiro da venda de bois de uma
fazenda sua no Pará.
Duda recebeu R$ 15,5 milhões
do caixa dois do PT. Parte do dinheiro (R$ 10,5 milhões) foi para
uma conta nas Bahamas.
Relatório
Pressionado a incluir o senador
Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e
ex-tesoureiro deste Cláudio Mourão em seu parecer, Gustavo Fruet
decidiu citar também no documento o ex-presidente do PT José
Genoino, o tesoureiro do PL Jacinto Lamas e Duda Mendonça.
Petistas estão passando um
pente-fino no relatório. Eles não
aceitam, por exemplo, a expressão "projeto de hegemonia" para
definir a atuação do PT federal.
Ainda não há acordo para a votação do relatório, prevista para a
próxima quinta-feira. Para resolver o impasse, esse texto deve ser
refeito e incorporado a um relatório que será apresentado pelo relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) até o dia 15 de dezembro.
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