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JUDICIÁRIO
Pesquisa da AMB mostra que magistrados desaprovam modo como é feita a indicação dos ministros do Supremo
Para juízes, STF não atua com independência
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma pesquisa respondida por
3.258 juízes e divulgada ontem
pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) mostrou que
muitos deles não acreditam na
imparcialidade do STF e o vêem
sem independência em relação
aos interesses do governo e do
Congresso.
Eles também reprovaram o
atual critério de escolha dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), por meio de indicação do presidente da República e
aprovação no Senado. De 0 a 10, o
grau de concordância com essa
forma de escolha ficou em média
em 1,5. Eles preferem a escolha de
magistrados de carreira, que recebeu nota 7,8.
Dentre os atuais ministros, quatro foram nomeados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
três por Fernando Henrique Cardoso, dois por Fernando Collor e
dois por José Sarney. Lula fará a
quinta indicação em janeiro próximo, em razão da aposentadoria
compulsória de Carlos Velloso,
que completará 70 anos.
Como órgão da cúpula do Judiciário, o STF tem grande importância política porque é a última
instância para inúmeras causas.
Ele julga ações contra políticas
públicas promovidas pelo governo e atos do Congresso.
Hoje, ele decidirá sobre a concessão ou não de liminar ao deputado José Dirceu (PT-SP) que poderá obrigar a Câmara a adiar a
votação de seu processo de cassação no plenário.
Na pergunta sobre a imparcialidade de diferentes órgãos ou segmentos da Justiça, o STF teve o
pior desempenho: 31,7% dos magistrados o consideraram "ruim"
ou "muito ruim". Ele perdeu para
as justiças estadual, do Trabalho,
Federal, Eleitoral, Militar e para o
Tribunal Superior do Trabalho e
o Superior Tribunal de Justiça.
De 0 a 10, o STF recebeu nota
média 3,9 no item "independência em relação ao Executivo". A
nota média sobre "independência
em relação ao Congresso" também foi baixa: 5,3.
Principal entidade de classe dos
juízes, a AMB enviou um questionário aos 11.286 associados, dos
quais 28,9% responderam.
A maioria reconheceu o problema da lentidão dos processos. Na
análise sobre a "agilidade" do Judiciário, apenas 9,9% o classificaram de "muito bom" e "bom" e
48,9% o avaliaram como "ruim" e
"muito ruim".
A Justiça Eleitoral foi o segmento mais bem avaliado nesse item:
64,8% a consideram "boa" ou
"muito boa". Ela trabalha com
prazos mais curtos, porque precisa concluir muitos julgamentos
contra candidatos antes que eles
sejam eleitos e tomem posse.
Os juízes também avaliaram o
governo Lula. A maioria deles
considera o governo "ruim".
Segundo o presidente da AMB,
Rodrigo Collaço, a principal crítica ao governo se refere à "falência
das políticas públicas". "A maior
parte da crítica da sociedade recai
sobre o Judiciário. O juiz é um espectador privilegiado da falência
das políticas públicas", disse.
Collaço também disse que a
maioria dos magistrados é a favor
do fim do nepotismo, principalmente os profissionais mais novos.
(SILVANA DE FREITAS)
Colaborou a Folha Online
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