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Sem consenso, Parlamento do Mercosul está parado
Falta de acordo entre Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai sobre o número de representantes de cada país adia definição para 2009
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ficou para o primeiro trimestre de 2009 a decisão sobre
o número de parlamentares
que cada país terá no Parlasul
(Parlamento do Mercosul). Há
dois anos, Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai tentam chegar a um acordo sobre a composição do parlamento, mas a falta de consenso adiou mais uma
vez a definição e pode prejudicar os planos do Brasil de aproveitar as eleições de 2010 para
definir seus representantes no
Parlasul.
A presidência do Parlamento
do Mercosul está com o Brasil,
mas, em fevereiro de 2009, o
deputado Dr. Rosinha (PT-PR)
será substituído por um colega
paraguaio. E é justamente o Paraguai que tem dificultado o
acordo por discordar da divisão
do número de cadeiras pela regra da proporcionalidade.
O Brasil apresentou proposta
pela qual o país teria 75 representantes, a Argentina, 33, Paraguai e Uruguai, 18 cada um, e
a Venezuela, que está em fase
de adesão, 27. No total seriam
171 parlamentares dos cinco
países numa distribuição que
leva em consideração o número
de habitantes de cada nação.
O Paraguai defende que cada
país tenha 18 parlamentares,
num total de 90. Já a Argentina
propôs 44 representantes próprios, 75 para o Brasil, 19 para
Paraguai e Uruguai, e 37 para a
Venezuela. "Com a representação igualitária, é impossível para Brasil e Argentina representarem a população de seus países", argumenta Dr. Rosinha, o
atual presidente.
Pelo estatuto que criou o Parlamento do Mercosul, em
2005, os parlamentares serão
escolhidos em eleições diretas
e secretas, a exemplo do que já
ocorre na eleição para deputados federais e senadores. O Paraguai já elegeu os seus representantes dessa forma em 20
de abril de 2008. Os demais países aguardam a definição sobre
a composição, enquanto mantêm os parlamentares indicados pelos presidentes de cada
Congresso. Cada país tem hoje
18 representantes -no caso do
Brasil são nove deputados e o
mesmo número de senadores.
Estrutura para trabalhar
Segundo o deputado Dr. Rosinha, o parlamentar do Mercosul atuará como um deputado
federal, com a diferença que irá
debater apenas questões de interesse comum do bloco econômico. Ele defende que esses
congressistas tenham o mesmo
salário de um deputado federal
e senador brasileiro (R$ 16,5
mil) e estrutura para trabalhar,
com carro, telefone e gabinete,
embora as reuniões do Parlasul
ocorram em Montevidéu, capital do Uruguai, duas vezes por
mês. "É preciso ter estrutura,
não dá para ter apenas um celular", afirma.
O deputado admite que o
Parlasul pode se transformar
em mais um órgão com pouca
eficiência e grandes despesas
para seus países, mas, segundo
ele, esse é o preço a pagar para
fortalecer o bloco. "É preciso
criarmos uma identidade política para a região do Mercosul.
Sem a mesma, não teremos bloco", completa.
O Brasil tem pressa na definição do número de representantes porque a idéia é fazer a eleição juntamente com a disputa
de 2010 que irá escolher o novo
presidente da República, além
de senadores, deputados federais e estaduais e governadores.
A lista passaria a incluir os parlamentares do Mercosul.
Para isso, Dr. Rosinha estima
ser preciso uma definição sobre
a representatividade até julho
do próximo ano, a tempo de se
definirem as regras para a escolha dos novos parlamentares
pelo Brasil. Ele defende que os
candidatos tenham garantido
espaço no programa eleitoral
gratuito, financiamento público de campanha. Medidas que
precisam ser aprovadas pelo
Congresso brasileiro.
A eleição para o Parlasul anima políticos, lista que incluiria
até o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso,
além de políticos que têm dificuldades em se reeleger.
No Congresso há um grupo
de trabalho para discutir as regras da eleição. Uma das propostas em avaliação é definir o
número de vagas por Estado
com base na regra da proporcionalidade.
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