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Dornbusch
critica de novo
Do enviado especial
Língua sempre afiada,
Rudiger foi ontem ainda
mais cortante na sua tréplica ao presidente Fernando
Henrique:
"A equipe está completamente desacreditada, porque passou três anos dizendo que não havia problemas e agora joga o país na
recessão", disparou o economista do MIT, ao saber
do contra-ataque do presidente brasileiro.
Dornbusch estava ao lado
do economista argentino
Miguel Ángel Broda, consultor favorito de 10 entre 10
empresas e políticos de seu
país. Aproveitou para cutucar ainda mais o governo
brasileiro, apontando para
Broda:
"Os pobres coitados na
Argentina não dormem
tentando adivinhar o que os
loucos no Brasil vai fazer".
No ano passado, Dornbusch já havia se envolvido
em forte polêmica com a
equipe econômica, ao fazer
a sua primeira crítica à sobrevalorização do real.
Agora, aproveitou para
uma pequena vingança:
"Eles também disseram
que eu estava errado no
passado. Por quê, então, tiveram que aumentar os juros para 40%?", perguntou.
É uma alusão ao fato de
que a equipe econômica teve que duplicar os juros, em
outubro, para evitar o sucesso de um ataque especulativo ao real, na esteira de
dificuldades com a moeda
de Hong Kong.
Por fim, ironizou: "Provocar uma recessão é uma
maneira chocante de enfrentar o problema" (da sobrevalorização da moeda).
É uma alusão ao fato de
que os juros elevados causam redução da atividade
econômica, o que diminui a
necessidade de exportações
e compensa, ao menos parcialmente, o valor excessivo
do real.
O outro economista criticado pelo presidente, Kenneth Courtis (Deutsche
Bank), reagiu diplomaticamente: "Entendo a reação
dele", disse.
Mas reafirmou integralmente a sua análise da véspera. "Se o Japão não relançar agressivamente a demanda doméstica, os países
asiáticos não poderão exportar para ele mas exportarão para outros países a
preços tão baixos que porão
sob tremenda pressão os
países da América Latina e
da Europa Oriental", afirmou.
Citibank
Mesmo um economista
que está entre os otimistas,
o vice-presidente do Citibank, Bill Rhodes, cobra "a
necessidade de continuar
reduzindo os déficits fiscal e
em conta corrente".
Rhodes falou por telefone
com FHC no mês passado e
ouviu a garantia de que o
presidente "tomaria as medidas necessárias para lidar
com ambos os déficits".
O representante do Citibank diz que o pacote fiscal
de novembro é um exemplo
dessa disposição. "Imagino que, se passos adicionais
forem necessários, serão
tomados", afirmou.
Rhodes aposta também
na hipótese de que o acordo
da Coréia com os bancos
credores, para alongar sua
dívida, "poderá trazer certa estabilidade aos mercados".
Mais ainda: "Se a Coréia
puder voltar aos mercados
internacionais, seguida pela Tailândia, isso retirará alguma pressão sobre as economias da América Latina".
(CLÓVIS ROSSI)
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