São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2007

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Renan entrega recibos para se defender

Datados de 2006, papéis especificam que valor se destina a fundo para pagar educação de filha de senador com jornalista

Advogado de Mônica Veloso não nega existência dos recibos, mas diz que verba complementava a pensão alimentícia e foi toda gasta


RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), encaminhou ontem à Corregedoria da Casa dois recibos de pagamento, no valor de R$ 50 mil cada um, em que constam assinaturas atribuídas à jornalista Mônica Veloso e ao advogado dela, Pedro Calmon.
A Folha apurou que os recibos, datados de 2006, especificam que os R$ 100 mil "em moeda corrente" são destinados à criação de um fundo destinado ao custeio com educação e desenvolvimento cultural da filha que Renan teve em 2004 com a jornalista.
Em recente entrevista à Folha, Pedro Calmon negou a existência de um fundo específico para educação e deu a seguinte explicação para os recibos: "Na época foram feitos dois recibos para justificar os pagamentos, e a fórmula que se encontrou foi essa. Um pai que quer criar um fundo para o filho vai a um banco e o faz. Não posso aceitar, porque essa versão atinge a minha cliente, já que esse dinheiro não existe mais, foi usado como o que é: uma complementação de pensão alimentícia. Foi usado no aluguel e em outras despesas".
O advogado do senador, Eduardo Ferrão, entregou ontem à Corregedoria do Senado cópia de documentos para provar que saíram do bolso de Renan os recursos destinados à jornalista desde 2004 -pagamentos mensais de cerca de R$ 12 mil até dezembro de 2005, e R$ 3.000 desde então.
"Demonstramos, através de extratos bancários e declarações de Imposto de Renda, que todos os pagamentos efetuados pelo senador, absolutamente todos, sem exceção, saíram das suas contas bancárias. É uma comprovação cabal e absoluta", disse Ferrão, que não divulgou os documentos afirmando que os processos na Vara de família correm em segredo de Justiça.
Ele afirmou apenas que entregou extratos bancários de Renan, entre 2003 e 2006, e confirmou que não há comprovação do recebimento, pela jornalista, dos repasses feitos até dezembro de 2005, argumentando que, até o reconhecimento da paternidade, não havia relação oficial entre os dois.
A Folha apurou que os extratos não trazem valores mensais específicos coincidentes com os supostos pagamentos (R$ 12 mil), mas listam uma série de saques que, somados, seriam compatíveis ou superiores aos valores que Renan afirma ter pago. Além disso, há as declarações de renda em que os rendimentos declarados somados (salário no Senado, ganhos com agropecuária e venda de um imóvel) seriam em valores superiores ao repassado.
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse que os comprovante de recebimento dos valores, pela jornalista, são dispensáveis. "A ausência do recibo não compromete. Ele não precisava pedir recibo a ela, poderia ser constrangedor, já que não havia uma relação às claras. Ele pode ter passado o dinheiro e não ter cobrado recibo. O que ele tem que provar é que tinha fundos para fazer os pagamentos", afirmou Tuma.


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