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Renan entrega recibos para se defender
Datados de 2006, papéis especificam que valor se destina a fundo para pagar educação de filha de senador com jornalista
Advogado de Mônica Veloso não nega existência dos recibos, mas diz que verba
complementava a pensão alimentícia e foi toda gasta
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), encaminhou ontem à Corregedoria da Casa dois recibos de pagamento, no valor de R$ 50 mil
cada um, em que constam assinaturas atribuídas à jornalista
Mônica Veloso e ao advogado
dela, Pedro Calmon.
A Folha apurou que os recibos, datados de 2006, especificam que os R$ 100 mil "em
moeda corrente" são destinados à criação de um fundo destinado ao custeio com educação e desenvolvimento cultural
da filha que Renan teve em
2004 com a jornalista.
Em recente entrevista à Folha, Pedro Calmon negou a
existência de um fundo específico para educação e deu a seguinte explicação para os recibos: "Na época foram feitos
dois recibos para justificar os
pagamentos, e a fórmula que se
encontrou foi essa. Um pai que
quer criar um fundo para o filho vai a um banco e o faz. Não
posso aceitar, porque essa versão atinge a minha cliente, já
que esse dinheiro não existe
mais, foi usado como o que é:
uma complementação de pensão alimentícia. Foi usado no
aluguel e em outras despesas".
O advogado do senador,
Eduardo Ferrão, entregou ontem à Corregedoria do Senado
cópia de documentos para provar que saíram do bolso de Renan os recursos destinados à
jornalista desde 2004 -pagamentos mensais de cerca de
R$ 12 mil até dezembro de
2005, e R$ 3.000 desde então.
"Demonstramos, através de
extratos bancários e declarações de Imposto de Renda, que
todos os pagamentos efetuados
pelo senador, absolutamente
todos, sem exceção, saíram das
suas contas bancárias. É uma
comprovação cabal e absoluta",
disse Ferrão, que não divulgou
os documentos afirmando que
os processos na Vara de família
correm em segredo de Justiça.
Ele afirmou apenas que entregou extratos bancários de
Renan, entre 2003 e 2006, e
confirmou que não há comprovação do recebimento, pela jornalista, dos repasses feitos até
dezembro de 2005, argumentando que, até o reconhecimento da paternidade, não havia relação oficial entre os dois.
A Folha apurou que os extratos não trazem valores mensais
específicos coincidentes com
os supostos pagamentos (R$ 12
mil), mas listam uma série de
saques que, somados, seriam
compatíveis ou superiores aos
valores que Renan afirma ter
pago. Além disso, há as declarações de renda em que os rendimentos declarados somados
(salário no Senado, ganhos
com agropecuária e venda de
um imóvel) seriam em valores
superiores ao repassado.
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse
que os comprovante de recebimento dos valores, pela jornalista, são dispensáveis. "A ausência do recibo não compromete. Ele não precisava pedir
recibo a ela, poderia ser constrangedor, já que não havia
uma relação às claras. Ele pode
ter passado o dinheiro e não ter
cobrado recibo. O que ele tem
que provar é que tinha fundos
para fazer os pagamentos",
afirmou Tuma.
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