São Paulo, sábado, 31 de maio de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PT nacional atenua decisão contra aliança com tucanos

Diretório Nacional transforma "veto" à coligação em BH em "recomendação", e amplia prazo de palavra final para o dia 23 de junho

FERNANDA ODILLA
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT nacional recuou duplamente ontem da decisão sobre a aliança com o PSDB em Belo Horizonte. O veto da Executiva Nacional foi transformado em "recomendação", e o prazo final para decidir sobre a participação dos tucanos na chapa liderada por Márcio Lacerda (PSB), ex-secretário do governador Aécio Neves (PSDB), foi adiado para 23 de junho.
A resolução aprovada por 79 votos a 2 resolveu "recomendar que o diretório municipal de Belo Horizonte volte a deliberar sobre a política de alianças aprovada, afastando a possibilidade de coligação com PSDB e PPS". Em seguida, diz que caberá à Executiva Nacional, caso necessário, se reunir novamente para analisar a coligação, levando em consideração duas resoluções anteriores que vetaram expressamente a união de petistas e tucanos em BH.
O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini (SP), afirmou que houve acordo com o prefeito da capital mineira, Fernando Pimentel, para retirar da resolução a palavra "veto". Em contrapartida, Pimentel prometeu que o diretório municipal seguirá à risca a orientação.
O grupo do prefeito, no entanto, espera que o PSB reaja, exigindo a presença formal do PT e do PSDB na chapa, acabando com o acordo interno.
Pesou também no recuo a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas negociações. Coube ao seu chefe-de-gabinete, Gilberto Carvalho, telefonar para integrantes do diretório pedindo solução menos traumática e que não constrangesse o prefeito.
Na noite de quinta-feira, a corrente majoritária do PT, da qual Pimentel e Berzoini fazem parte, se reuniu e rejeitou por ampla maioria a aliança. Com a derrota na sua própria corrente, o prefeito teve que aceitar o acordo. "Foi um avanço. Nossos aliados concordaram com o formato da resolução", disse.
"Não há apoio nacional a essa proposta [de aliança entre PT e PSDB]. O PT é um partido nacional, e é da direção a última palavra", afirmou Berzoini.
Para o secretário nacional de Assuntos Institucionais, Romênio Pereira, os defensores da união em BH ganharam tempo para tentar uma saída intermediária. "O diretório fechou a porta, mas deixou uma janelinha aberta", disse.
A Direção Nacional do PT concorda com a participação informal dos tucanos.
O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, um dos maiores contestadores da proposta de Pimentel, não descartou a hipótese. "O PT não toma decisão por terceiros. Se ele [Aécio Neves] quiser dar apoio político, é do processo, não temos como impedir."
A posição do PT de manter distância dos tucanos foi classificada como "equívoco" por representantes do PSDB e PSB.
"Com gestos desastrosos como esse, o PT pode ficar fora da chapa. Assim, serão os petistas que nos apoiarão informalmente", afirmou o secretário-geral do PSDB, Rodrigo de Castro. O vice-presidente nacional do PSB, deputado Beto Albuquerque (RS), disse que a direção petista está criando tensão e ignorando a vontade do PSB.
Márcio Lacerda disse acreditar numa solução: "O governador disse que, de um jeito ou de outro, a aliança vai acontecer".


Texto Anterior: Foco: Italianos pedem ajuda de Marisa no caso de jovem assassinado em Maceió
Próximo Texto: Aécio cogita pôr PSDB informal na aliança de BH
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.