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ALTA ESPIONAGEM
Negociações em 2000 entre a família Marinho e a Telecom Italia estariam sendo espionadas, diz relatório da empresa
Espiões da Kroll também investigaram a Rede Globo
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
MARCIO AITH
EDITOR DE DINHEIRO
Além de integrantes do governo
federal e do Judiciário, as Organizações Globo também foram espionadas por agentes da Kroll, a
mando da companhia telefônica
Brasil Telecom. Negociações realizadas em 2000, entre a família
Marinho e a Telecom Italia, estariam sendo investigadas no Brasil
e no exterior, segundo informa o
relatório da agência Kroll que está
em poder da Polícia Federal.
A família Marinho virou alvo da
espionagem em razão da venda
de 30% do capital da Globo.com
(portal de internet da Globo) para
a Telecom Italia, em junho de
2000. Segundo os investigadores,
o preço de venda das ações -US$
810 milhões- teria sido excessivamente alto porque contemplaria uma opção do grupo italiano
de se tornar acionista da Net Serviços (ex-Globo Cabo), braço das
Organizações Globo no mercado
de TV a cabo, quando a legislação
brasileira permitisse.
A Kroll diz ter rastreado o dinheiro que a Telecom Italia pagou
à Globo na ocasião e conclui que
parte dele, US$ 300 milhões, teria
ficado em contas no exterior e que
só US$ 410 milhões teriam entrado oficialmente no país.
Parte dos recursos teria sido
usada pela família Marinho para
reduzir a dívida da Globopar
(Globo Participações). O serviço
de espionagem identificou até o
que seria o número da conta da
Globo, na agência do banco Chase, em São Paulo, na qual teria sido realizado o pagamento.
Rumos da investigação
A Kroll, segundo o relatório em
poder da PF, tem quatro linhas de
investigação em curso sobre o relacionamento Globo/Telecom
Italia. As duas primeiras vasculham a hipótese, não sustentada
em documentos, de que os italianos teriam participação acionária
oculta na Net Serviços.
Segundo o relatório, em 1999,
houve conversão de debêntures
em ações preferenciais da empresa, no valor de US$ 200 milhões,
que poderiam ter sido adquiridas
por subsidiárias da Telecom Italia
no mercado secundário de títulos.
A segunda investigação se baseia na hipótese de a Telecom Italia ter assumido opções de compra de ações ordinárias e preferenciais da Net Serviços, dadas
originalmente à Microsoft.
A terceira apuração envolve os
grupos Globo, RBS (grupo de comunicação Rede Brasil Sul, da família Sirotsky) e o Chase Manhattan Bank (atual J. P. Morgan Chase) em uma teia de suspeições.
Ela analisa a compra da Net Sul
(grupo regional de TVs a cabo)
pela Net Serviços, que foi efetivada também no ano 2000.
A quarta investigação da Kroll
visa descobrir se houve irregularidades nos negócios de telefonia
celular feitos conjuntamente pela
TIM, Globo e grupo Vicunha, que
foram parceiros da Telecom Italia
na compra das concessões da
Banda B de telefonia celular nos
Estados de Minas Gerais, Bahia e
Sergipe, em 1997.
O relatório sugere que o Chase
Manhattan Bank (atual J. P. Morgan Chase) esteve por trás das
operações investigadas. Diz que o
banco assessorou a Globopar e a
Telecom Italia e era um dos maiores credores da RBS por ocasião
da venda da Net Sul à Globo Cabo.
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