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Acusado faz acordo de delação premiada
Ivo Marcelo Spínola Rosa marca novo depoimento para amanhã e pode comprometer ex-presidente do PT do Ceará
Spínola tentou ajudar máfia numa fábrica de carrocerias de ônibus na Bahia com
um financiamento do BNB; petista nega envolvimento
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Denunciado como integrante da máfia das sanguessugas,
Ivo Marcelo Spínola Rosa, 40,
conseguiu marcar para amanhã
um novo depoimento à Justiça
Federal do Mato Grosso, agora
sob acordo de delação premiada. Ele poderá comprometer
ainda mais José Airton Cirilo,
ex-presidente do PT do Ceará,
pois afirma saber de um negócio da quadrilha do qual o petista teria participado na Bahia.
Em seu depoimento à CPI
dos Sanguessugas em 13 de julho, Spínola disse que passou a
trabalhar com a família Trevisan Vedoin -que segundo a Polícia Federal liderava a máfia-
para ajudar a montar um fábrica de carrocerias de ônibus na
Bahia com financiamento do
Banco do Nordeste.
O sucesso do negócio dependia, no entanto, da influência
de José Airton Cirilo junto à diretoria do banco. Essa informação consta do depoimento Luiz
Antonio Trevisan Vedoin, que
diz também que Cirilo ajudou a
máfia em ações no Piauí e também no Ministério da Saúde.
Por meio de sua assessoria de
imprensa, Cirilo tem negado
qualquer participação em irregularidades envolvendo a máfia dos sanguessugas. O BNB,
segundo Cirilo, avaliou o projeto da Planam, mas o rejeitou
por problemas técnicos.
A Folha revelou que o petista fez lobby no Ministério da
Saúde em 2005 para a compra
de ambulâncias para cidades
do Estado. A informação consta do próprio site de José Airton na internet e foi confirmada pelo ex-ministro Saraiva Felipe: "Ele me procurou, sim.
Tenho certeza disso (...) Sei que
ele pediu uma coisa, pediu
emenda, não me lembro se era
ambulância, posto de saúde".
O novo depoimento de Spínola à Justiça foi confirmado
ontem pela advogada dele,
Laura Gisele Maia Spínola. Ela,
porém, não quis adiantar o que
seu cliente irá contar ao juiz. O
depoimento de Ivo Spínola à
CPI mostra que ele sabe detalhes sobre o negócio da fábrica
de carrocerias na Bahia.
"A minha participação dentro do processo da empresa era
estritamente voltado ao Projeto da Bahia", disse Spínola, que
era sócio-gerente da Vedobus,
nome da empresa criada para a
fábrica de carrocerias. À CPI,
ele não contou mais detalhes.
Segundo o Ministério Público, Spínola também atuou nos
negócios da quadrilha no Ministério de Ciência e Tecnologia, para a venda de ônibus
adaptados para projetos de inclusão digital. Ele teria pago
propina para uma funcionária
da Financiadora de Estudos e
Projetos (Finep), segundo a denúncia do Ministério Público
Federal em Mato Grosso.
A CPI dos Sanguessugas espera ter acesso esta semana aos
depoimentos que Darci Vedoin
e Ronildo Medeiros prestaram
à Justiça do Mato Grosso.
"Esses depoimentos são importantes porque nos ajudarão
a confirmar ou não a versão de
Luiz Antonio Vedoin", disse o
relator da CPI, senador Amir
Lando (PMDB-RO).
A comissão tenta confirmar
ainda para amanhã o depoimento de Luiz Antonio Vedoin
em Brasília. A advogada dele,
Laura Spínola, afirmou ontem
que, até então, Luiz Antonio-
que está em liberdade-não havia sido notificado para depor.
A CPI também tem marcada
para amanhã uma reunião administrativa. O relator da comissão deseja aprovar requerimentos de quebra de sigilo de
assessores de parlamentares.
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