São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Acusado faz acordo de delação premiada

Ivo Marcelo Spínola Rosa marca novo depoimento para amanhã e pode comprometer ex-presidente do PT do Ceará

Spínola tentou ajudar máfia numa fábrica de carrocerias de ônibus na Bahia com um financiamento do BNB; petista nega envolvimento


ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Denunciado como integrante da máfia das sanguessugas, Ivo Marcelo Spínola Rosa, 40, conseguiu marcar para amanhã um novo depoimento à Justiça Federal do Mato Grosso, agora sob acordo de delação premiada. Ele poderá comprometer ainda mais José Airton Cirilo, ex-presidente do PT do Ceará, pois afirma saber de um negócio da quadrilha do qual o petista teria participado na Bahia.
Em seu depoimento à CPI dos Sanguessugas em 13 de julho, Spínola disse que passou a trabalhar com a família Trevisan Vedoin -que segundo a Polícia Federal liderava a máfia- para ajudar a montar um fábrica de carrocerias de ônibus na Bahia com financiamento do Banco do Nordeste.
O sucesso do negócio dependia, no entanto, da influência de José Airton Cirilo junto à diretoria do banco. Essa informação consta do depoimento Luiz Antonio Trevisan Vedoin, que diz também que Cirilo ajudou a máfia em ações no Piauí e também no Ministério da Saúde.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Cirilo tem negado qualquer participação em irregularidades envolvendo a máfia dos sanguessugas. O BNB, segundo Cirilo, avaliou o projeto da Planam, mas o rejeitou por problemas técnicos.
A Folha revelou que o petista fez lobby no Ministério da Saúde em 2005 para a compra de ambulâncias para cidades do Estado. A informação consta do próprio site de José Airton na internet e foi confirmada pelo ex-ministro Saraiva Felipe: "Ele me procurou, sim. Tenho certeza disso (...) Sei que ele pediu uma coisa, pediu emenda, não me lembro se era ambulância, posto de saúde".
O novo depoimento de Spínola à Justiça foi confirmado ontem pela advogada dele, Laura Gisele Maia Spínola. Ela, porém, não quis adiantar o que seu cliente irá contar ao juiz. O depoimento de Ivo Spínola à CPI mostra que ele sabe detalhes sobre o negócio da fábrica de carrocerias na Bahia.
"A minha participação dentro do processo da empresa era estritamente voltado ao Projeto da Bahia", disse Spínola, que era sócio-gerente da Vedobus, nome da empresa criada para a fábrica de carrocerias. À CPI, ele não contou mais detalhes.
Segundo o Ministério Público, Spínola também atuou nos negócios da quadrilha no Ministério de Ciência e Tecnologia, para a venda de ônibus adaptados para projetos de inclusão digital. Ele teria pago propina para uma funcionária da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), segundo a denúncia do Ministério Público Federal em Mato Grosso.
A CPI dos Sanguessugas espera ter acesso esta semana aos depoimentos que Darci Vedoin e Ronildo Medeiros prestaram à Justiça do Mato Grosso.
"Esses depoimentos são importantes porque nos ajudarão a confirmar ou não a versão de Luiz Antonio Vedoin", disse o relator da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO).
A comissão tenta confirmar ainda para amanhã o depoimento de Luiz Antonio Vedoin em Brasília. A advogada dele, Laura Spínola, afirmou ontem que, até então, Luiz Antonio- que está em liberdade-não havia sido notificado para depor.
A CPI também tem marcada para amanhã uma reunião administrativa. O relator da comissão deseja aprovar requerimentos de quebra de sigilo de assessores de parlamentares.


Texto Anterior: Propina média era de R$ 70 mil, diz Vedoin
Próximo Texto: Eleições 2006/Presidência: Alckmin afirma que não fará mudanças nas leis trabalhistas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.