São Paulo, sábado, 31 de agosto de 2002

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Empresários devem ir à acareação

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA

Os empresários do setor de transporte coletivo de Santo André Rosangela Gabrilli e Ronan Maria Pinto confirmaram ontem que participarão da acareação marcada para a segunda na CPI criada na cidade para investigar suposto esquema de propina para financiar campanhas do PT.
Rosangela acusou Ronan, no Ministério Público e na CPI, de ser o receptor final da propina que disse ter de entregar mensalmente a funcionários da prefeitura da cidade. Ronan, em depoimento à CPI, negou a acusação. À Folha, em 22 de junho, Rosangela disse: "No final de cada mês, representantes de Ronan ligavam e diziam que iam passar para pegar o dinheiro e acertar a hora". Segundo ela, sua empresa pagava R$ 41,8 mil mensais de propina.
Na quarta-feira, os cinco vereadores da CPI, todos da base de sustentação do prefeito João Avamileno (PT), decidiram encerrar os trabalhos da comissão em 18 de setembro. Antes disso sugeriram fazer somente a acareação entre Rosangela e Ronan. Na segunda, de acordo com o presidente da CPI, Antonio Leite (PT), os vereadores poderão decidir por uma acareação entre o médico João Francisco Daniel, irmão do prefeito assassinado Celso Daniel, e o coordenador da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, Gilberto Carvalho.
Os dois se mostraram dispostos à acareação, em entrevistas à Folha. João Francisco afirmou que Gilberto teria lhe contado que R$ 1,2 milhão da suposta propina foi entregue ao presidente do PT, José Dirceu. Gilberto e Dirceu negam as acusações.
Antonio Claudio Mariz de Oliveira, advogado de Ronan, que é sócio da Expresso Nova Santo André, disse que seu cliente não teria nenhuma objeção a um confronto com Rosangela.
Os advogados de Rosangela, sócia da Expresso Guarará, avaliaram que não seria prejudicial a acareação, mesmo com o fato de a Justiça já ter aceitado a denúncia contra Ronan e outros supostos membros da máfia da propina.
Desde a morte de Celso Daniel, em janeiro, o Ministério Público já ofereceu três ações criminais e quatro cíveis por improbidade (má gestão pública) contra servidores da prefeitura. Também foram denunciadas 29 pessoas na esfera penal. A primeira ação foi contra Ronan, o vereador Klinger Luiz de Oliveira Souza (PT), Sérgio Gomes da Silva, que dirigia o carro no dia do sequestro de Celso Daniel, e contra outras três pessoas, todas acusadas de formação de quadrilha e de extorsão. (LIEGE ALBUQUERQUE E EDUARDO SCOLESE)



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