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Empresários devem ir à acareação
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
Os empresários do setor de
transporte coletivo de Santo André Rosangela Gabrilli e Ronan
Maria Pinto confirmaram ontem
que participarão da acareação
marcada para a segunda na CPI
criada na cidade para investigar
suposto esquema de propina para
financiar campanhas do PT.
Rosangela acusou Ronan, no
Ministério Público e na CPI, de
ser o receptor final da propina
que disse ter de entregar mensalmente a funcionários da prefeitura da cidade. Ronan, em depoimento à CPI, negou a acusação. À
Folha, em 22 de junho, Rosangela
disse: "No final de cada mês, representantes de Ronan ligavam e
diziam que iam passar para pegar
o dinheiro e acertar a hora". Segundo ela, sua empresa pagava R$
41,8 mil mensais de propina.
Na quarta-feira, os cinco vereadores da CPI, todos da base de
sustentação do prefeito João Avamileno (PT), decidiram encerrar
os trabalhos da comissão em 18 de
setembro. Antes disso sugeriram
fazer somente a acareação entre
Rosangela e Ronan. Na segunda,
de acordo com o presidente da
CPI, Antonio Leite (PT), os vereadores poderão decidir por uma
acareação entre o médico João
Francisco Daniel, irmão do prefeito assassinado Celso Daniel, e o
coordenador da campanha de
Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, Gilberto Carvalho.
Os dois se mostraram dispostos
à acareação, em entrevistas à Folha. João Francisco afirmou que
Gilberto teria lhe contado que R$
1,2 milhão da suposta propina foi
entregue ao presidente do PT, José Dirceu. Gilberto e Dirceu negam as acusações.
Antonio Claudio Mariz de Oliveira, advogado de Ronan, que é
sócio da Expresso Nova Santo
André, disse que seu cliente não
teria nenhuma objeção a um confronto com Rosangela.
Os advogados de Rosangela, sócia da Expresso Guarará, avaliaram que não seria prejudicial a
acareação, mesmo com o fato de a
Justiça já ter aceitado a denúncia
contra Ronan e outros supostos
membros da máfia da propina.
Desde a morte de Celso Daniel,
em janeiro, o Ministério Público
já ofereceu três ações criminais e
quatro cíveis por improbidade
(má gestão pública) contra servidores da prefeitura. Também foram denunciadas 29 pessoas na
esfera penal. A primeira ação foi
contra Ronan, o vereador Klinger
Luiz de Oliveira Souza (PT), Sérgio Gomes da Silva, que dirigia o
carro no dia do sequestro de Celso
Daniel, e contra outras três pessoas, todas acusadas de formação
de quadrilha e de extorsão.
(LIEGE ALBUQUERQUE E EDUARDO SCOLESE)
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