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CORUJAS
Thereza Chirico Talan, 84, Rosa Petito, 78, e Carmela Chirico, 72, rezam pelo candidato
Para tias, Serra é "atraente, carinhoso e crânio"
DA REPORTAGEM LOCAL
Para Carmela Chirico, o candidato do PSDB à Prefeitura, José Serra, é "um homem muito
atraente", mesmo com a perda
dos cabelos ainda muito jovem.
Pudera. Aos 72 anos, Carmelita é
"tia coruja" do tucano.
Carmelita e as irmãs Thereza
Chirico Talan, 84, e Rosa Petito,
78, divergem muito. Dos detalhes da vida de Serra à idade da
primogênita Serafina, 88, mãe
do candidato. Mas concordam
nos elogios ao sobrinho: um
"crânio" e "inteligentíssimo".
Na memória, guardam um Zezinho bem diferente do homem
público; "Hoje, eu não sei. Mas
ele dançava de tudo: tango, samba e até Tarantela", lembra Thereza, que exibe fotos atuais de
Serra à porta da geladeira. As de
criança foram sumindo por conta das campanhas eleitorais.
Descrevendo um sobrinho
"dado e carinhoso", dispara:
"Pelo que sei, ele só teve duas namoradas. Com uma, ele casou".
Numa casa na Mooca, as tias
descrevem um adolescente estudioso. "Quando Serafina quebrou a perna, fui limpar o quarto
dele. E havia uma madeira na
porta com "Não perturbe'", conta Rosa para mostrar da dedicação aos livros.
"Quando o pai adoecia", diz
Carmelita, "ele ia ajudar no mercado [municipal] e ficava lendo". Nascido em casa, na cama
da avó, Serra dava aula para amigos. Usando camisa negra com a
inscrição Serra 45 em dourado
- um presente do deputado
Turco Loco - as três falam ao
mesmo tempo do dia em que o
adolescente desafiou a professora de português. E estava certo.
"Ele disse que o livro poderia
estar certo, mas que o problema
dele também [tinha sido resolvido corretamente]. O zero dele
virou um dez", diz Thereza.
Militante do PSDB, Carmelita
é fiscal do partido e já pediu votos para Serra, Mário Covas e
Fernando Henrique Cardoso.
Fala que não gostou das críticas
de Aloizio Mercadante no horário eleitoral gratuito. Afirmando
que acreditava na vitória de Serra em 2002, diz que hoje tem
uma sensação de vitória. Thereza repreende. "É que ela não
quer que a gente diga que já ganhou", explica Carmelita, que
mantém acesa uma vela em casa.
Numa conversa reservada,
Thereza, que reza o terço diariamente e pede por Serra, confessa
sua esperança. "Não sei se estão
mentindo. Mas hoje todo mundo diz que vai votar nele. Em
2002, não era assim".
Thereza e Carmelita também
discutem ao falar dos projetos
políticos de Serra. "Pensei que
ele venceria em 2002. Agora, peço a Deus que ilumine Lula. Mas
sei que chegará a vez dele", diz
Carmelita. "Como, se ele vai ficar no mandato até o fim?", interrompe Thereza. "Ele tem 62
anos. Com 68 (em 2010), está
bom", reage a caçula.
As três lamentam que Serra tenha perdido peso na campanha
de 2002. Gostam dele mais gordinho. E confirmam o laço de
Serra com Serafina. Filho único,
Serra sempre acompanhava a
mãe à igreja. Só se separaram
durante o exílio voluntário, após
o golpe de 1964. Sem o filho, lembram, o pai, Francisco, adoeceu.
De volta ao Brasil, Serra visita
Serafina todos os domingos. Vítima de um derrame, passa
maior parte do tempo na cama.
Na quarta-feira, emocionada
com a chegada de Serra para
uma foto, Serafina chorou. Comovido, ele deixou a casa da
mãe. "Pena que ela não estivesse
bem", comentou à saída da
Mooca.
(CATIA SEABRA)
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