São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

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SÃO PAULO

A candidata visitou shopping e distribuiu estrelinhas do partido

Em corpo-a-corpo, ela quis saber de desempenho no debate


Por 4 horas, Marta vai atrás de votos no metrô

Eduardo Knapp/Folha Imagem
A candidata Marta Suplicy faz corpo-a-corpo no metrô de São Paulo, na véspera da votação, tentando virar alguns votos tucanos


SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL

A candidata do PT, Marta Suplicy, passou o último dia de campanha no metrô, cuja extensão foi um dos alvos de embates nas eleições paulistanas. "É uma tradição", justificou José Genoino.
Durante quatro horas, Marta andou nos trens e entrou em quase uma centena de lojas do Shopping Metrô Santa Cruz. Ganhou presentes e distribuiu estrelinhas do PT -"tem de olhar no olho para entregar a estrela", reclamou ela a uma segurança.
A petista beijou dezenas de crianças -"se elas votassem, teria ganho no 1º turno"- e chegou a dançar com uma eleitora.
"Nem aqui tem planejamento", cutucou Marta, na estação Santa Cruz, diante de uma escada rolante que descia, forçando os usuários a subir a pé. O metrô é administrado pelo governo tucano.
A viagem havia começado às 10h30, no Jabaquara. Além de Genoino, estavam com a candidata o senador Aloizio Mercadante e o ministro José Dirceu (Casa Civil).
No embarque, os seguranças do metrô ofereceram à petista o acesso por portões laterais, mas ela preferiu a roleta, usando bilhete. No trem, paradas mais longas facilitaram o acesso da comitiva.
A cúpula petista se reuniu no meio do vagão e iniciou uma conversa em tom informal. Falaram da "cidade vazia" e do debate. Marta reclamou das mímicas de José Serra atrás dela e lamentou ter esquecido de citar alguns dados no confronto, como o gasto com deficientes físicos quando ele era ministro da Saúde. "Na hora você esquece muito", afirmou.
A candidata andou em todos os andares do shopping. Num deles, foi abraçada por Neide Silveira, 65, funcionária do Estado. Juntas, dançaram uma espécie de valsa.
Para muitos eleitores, Marta perguntou do debate: "Ficou claro que ele [Serra] não tem proposta, não ficou? Eu disse o que vou fazer, ele não". Só um dos abordados discordou da petista.
"Ele também disse", rebateu a vendedora Renata Lubas, 19, da Kopenhagen. Marta argumentou durante três minutos. Ao final, a moça disse à Folha estar indecisa.
As queixas eram anotadas por assessores, mas não se ouviam promessas. "Não posso resolver isso", disse à cozinheira que pedia pensão. "Não sei a realidade lá, não vou mentir para você", respondeu à camelô Rosimeire Pinto, que reclamava da fiscalização.
Numa loja de surfe, um vendedor usava uma camiseta do PT. Pediu um autógrafo. Na Siciliano, a petista ganhou um livro -"A Arte Secreta de Michelangelo". No McDonald's, foi recebida com um batuque no balcão e foi presenteada com um patuá.
"É um "muiraquitã". A lenda diz que as índias entregavam aos guerreiros para livrá-los dos males", explicou Iolani Tavares, 40, dona da grife Frutos da Amazônia, que tirou a peça do pescoço.
A petista posou para várias fotos, mas evitou se aproximar de um salão de beleza onde os funcionários estavam vestidos para o Dia das Bruxas. "Vai ser a foto do dia", disse ela, andando para trás.
"Eu sinto a virada. Alguns [eleitores] estão vindo do Serra, porque perceberam que não tinham garantia. Ele não tem compromisso com nada", afirmou em entrevista, dizendo que Lula lhe ligou, satisfeito com o debate.
Marta deixou a estação às 12h30, rumo à Santana, apertando mãos e acenando das plataformas. "Vamos dar um rolê rapidinho", disse ela. O passeio terminou quase 14h30, na República.


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