São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

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ELEIÇÕES 2004

PORTO ALEGRE

Hegemonia de 16 anos do PT está em jogo na capital gaúcha

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Pesquisa Ibope divulgada ontem em Porto Alegre mostra que a disputa na cidade deve ser acirrada. Os números mostram que os candidatos José Fogaça (PPS) e Raul Pont (PT) estão empatados tecnicamente. Fogaça têm 48% dos total de votos e Pont, 44%. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos. Foram ouvidas 805 pessoas entre ontem e anteontem. A pesquisa está registrada sob número 160/161-2004.
Porto Alegre viverá hoje, inevitavelmente, um dia histórico, seja com uma vitória do candidato José Fogaça (PPS), seja com a eleição de Raul Pont (PT).
Caso vença Fogaça, 57, as oposições unidas terão interrompido o ciclo petista na capital gaúcha, que dura 16 anos e deixou marcas, como a forma de consulta popular do Orçamento Participativo.
Caso vença Pont, 60, o PT estará emplacando 20 anos de poder e mantendo a cidade com a aura de esquerdista que levou o jornal francês ""Le Monde" a defini-la como ""meca da esquerda latino-americana".
Em termos práticos, a eventual derrota do PT será um percalço para o governo Lula, que perderá sua mais tradicional vitrine, ao menos em termos simbólicos -Porto Alegre é origem e sede do Fórum Social Mundial, cujos organizadores já ameaçam deixar a cidade caso a oposição vença.
Segundo as últimas pesquisas, Fogaça está na frente, mas a diferença diminuiu.
Por reconhecer os acertos petistas na cidade, especialmente no transporte público e na própria implementação do Orçamento Participativo, Fogaça utilizou a idéia de ""manter o que está bem e mudar o que está mal".
Os últimos dias da campanha foram marcados por trocas de acusações, agressões, pacto entre partidos e descumprimento do pacto. Pont contesta a promessa feita por Fogaça de que manterá o Orçamento Participativo. Diz que tanto ele quanto seus aliados são contra a medida.
Fogaça critica a atuação do PT na área da saúde. Mostra promessas da campanha de 1996 (Pont foi eleito prefeito na ocasião em primeiro turno) nas quais o petista prometia esperas de no máximo sete dias em postos de saúde.
Ciente de que a saúde teve problemas nas administrações petistas, Pont diz que assume o setor como compromisso pessoal.
Por conta do desgaste no poder, insatisfação com o governo federal e o fim da bimestralidade nos reajustes aos servidores (implementada pelo partido, mas abolida para não contrariar a Lei de Responsabilidade Fiscal), a oposição nunca esteve tão próxima de desbancar o PT.
Nas ruas de Porto Alegre, isso é nítido. No segundo turno, as tradicionais bandeiras petistas, ausentes no primeiro, voltaram.
Surgiram, porém, as de Fogaça, que rivalizam com as do PT em toda a cidade. Uma eleição morna no primeiro turno ganhou em colorido e emoção no segundo.
Os comícios dos dois candidatos, na última quinta, tiveram as presenças do governador Germano Rigotto (PMDB) no palanque de Fogaça e de ministros (Olívio Dutra, das Cidades, Tarso Genro, da Educação, e Miguel Rossetto, do Desenvolvimento Agrário) no de Pont, além do prefeito João Verle (PT). ""Nas vilas, há um exército de robotizados dizendo que, se ganharmos as eleições, as creches vão fechar", disse Fogaça.


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