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OUTRO LADO
Para tucano, política social isolada não vai resolver a pobreza
DA SUCURSAL DO RIO
Assessor especial da Presidência durante o governo de
Fernando Henrique Cardoso e
atual assessor da liderança do
PSDB na Câmara, Eduardo
Graeff concorda que, sozinhas
e no curto prazo, as políticas
sociais no Brasil são compensatórias e insuficientes para resolver o problema da desigualdade e da pobreza.
Até a conclusão desta edição,
o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome do
governo Lula, Patrus Ananias,
não respondera às questões,
enviadas por e-mail pela Folha,
na quinta-feira passada, à sua
assessoria, para que comentasse as críticas do relatório.
Graeff acredita que, se forem
mantidas ao longo do tempo,
com mais recursos ou pelo menos com o mesmo nível de gastos com os mais pobres, as políticas sociais terão resultados
que podem alterar a desigualdade estrutural.
"Os governos devem dar
continuidade aos programas e
não podem deixar que os recursos se pulverizem. Além
disso, o gasto precisa ser feito
de forma articulada", afirma.
Ele diz que, de modo geral, Lula
deu continuidade às políticas
do governo anterior.
Em sete, dos dez anos avaliados pela ONG Social Watch/
Observatório da Cidadania, o
Brasil foi governado por FHC.
Mesmo sem acesso direto aos
dados do relatório da ONG,
Graeff se dispôs a comentar os
resultados.
Graeff explica que as políticas
de transferência de renda devem ser complementadas por
políticas de universalização do
acesso à escola e melhoria da
qualidade do ensino. Ele cita o
Fundef (criado em 1997 pelo
governo FHC como forma de
incentivar a expansão e a melhoria do ensino fundamental)
e destaca que os recursos do
fundo não podem, por exemplo, serem desviados para o ensino universitário.
"Tudo deve ser avaliado sob
uma perspectiva histórica, já
que mudanças estruturais demoram 20, 30, 40, 50 anos para
ocorrer." Como exemplo,
Graeff cita a Irlanda, que, em 30
anos, avançou no combate à
desigualdade, com cerca de 4
milhões de habitantes.
Apesar das dificuldades, o especialista destaca que os dados
de 2002 da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, mostram avanços significativos nos índices
sociais, com exceção do emprego e do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país.
"No período FHC, houve pela
primeira vez uma redução
-ainda que discreta- no índice de Gini, que mede a desigualdade."
Para Graeff, o índice de Gini
"parou de piorar" e o Brasil só
saberá se isso foi uma oscilação
ou uma mudança de tendência
em cinco ou dez anos. Ele diz
que, durante a década de 70, o
país "ia bem, mas o povo ia
mal", fato que se inverteu na
década de 90. "O país cresceu
menos mas os indicadores sociais melhoraram. Houve uma
mudança positiva no padrão
histórico, ainda que não seja
satisfatória."
(LUCIANA BRAFMAN)
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