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QUESTÃO AGRÁRIA
Líder do MST é assassinado a facadas em PE
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
Uma das lideranças do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) no agreste de
Pernambuco, Antônio José dos
Santos, 50, foi assassinado a facadas anteontem à noite em Tacaimbó (182 km de Recife). Para o
movimento, o crime foi em conseqüência de conflito agrário.
Na quinta-feira à noite, outro líder de uma dissidência do MST, o
MLST (Movimento de Libertação
dos Sem-Terra), também havia
sido morto, em circunstâncias
que ainda estão sendo investigadas pela polícia.
De acordo com informações
das polícias Civil e Militar, antes
de ser assassinado, Santos havia
bebido com os irmãos, conhecidos como Geraldo e Maria José
"do Gerson" -em referência ao
prenome do pai deles-, em frente à entrada de um sítio.
O corpo do agricultor foi encontrado caído na estrada de terra
que passa em frente à propriedade, com perfurações no peito e no
abdômen. Ao seu lado, havia uma
garrafa de aguardente, uma de refrigerante e um maço de cigarros.
Suspeita
A polícia trata os irmãos como
suspeitos e não os havia encontrado até o início da noite de ontem.
A primeira hipótese levantada é
que o assassinato tenha relação
com algum desentendimento.
A direção do MST no Estado
acredita que o crime esteja relacionado à disputa por terra. A assessoria de imprensa do movimento informou que Santos vinha sofrendo ameaças de proprietários da região.
Ele integrava o acampamento
levantado dentro da fazenda
Maiada dos Cavalos, invadida por
cerca de 40 famílias.
Ainda segundo a assessoria de
imprensa, na sexta-feira, o Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) obteve na
Justiça a imissão de posse de parte
da propriedade para a implantação de um projeto de assentamento. A reportagem não conseguiu entrar em contato com qualquer funcionário do instituto no
dia de ontem.
Ameaça
Na sexta-feira, a Polícia Civil
abriu inquérito para investigar a
morte do coordenador do MLST
Hanilton Martins da Silva, 34, assassinado um dia antes em Itaíba
(330 km de Recife).
Ele foi morto a tiros por dois homens que estavam em uma motocicleta, após parar seu carro em
um posto de gasolina. Silva retornava de uma reunião com lideranças de uma cooperativa de trabalhadores rurais da região.
Dirigentes do MLST sustentam
que a morte está ligada à questão
agrária. A polícia apura essa possibilidade e investiga também
uma eventual vingança.
No último dia 10 de outubro,
Silva procurou o Ministério Público de Pernambuco para denunciar um suposto clima de insegurança no município -motivado, segundo ele, pela atuação
de pistoleiros e pela parca presença de policiais.
O lavrador solicitou o envio de
uma força-tarefa para tentar garantir segurança na cidade.
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