São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Lula em quatro redes

Enquanto Ricardo Boechat, do "Jornal da Band", bradava "entrevista exclusiva com o presidente Lula", Fátima Bernardes anunciava, quase humildemente, "um dos compromissos do presidente Lula hoje vai ser uma entrevista ao vivo no "Jornal Nacional".
E foi para o "Jornal da Record" que falou primeiro, com perguntas sobre crescimento e, claro, "o fim da era Palocci", repisadas depois por Franklin Martins na Band. Para Lula, não tem fim de era, foi só uma "produção independente" do ministro Tarso Genro.

 

Ele falou aos quatro telejornais, nova estratégia que foi até manchete na Folha Online. E que contrastou muito com a cobertura pós-eleição de 2002, então com entrevistas exclusivas para "Fantástico" e depois "JN", na bancada. Nas palavras de Lula, no discurso da vitória, domingo, "eu disse a vocês [jornalistas] que ia mudar o meu comportamento com a imprensa".

ANTES E DEPOIS
Diz a Reuters Brasil que "o presidente decidiu dirigir-se primeiro aos eleitores" e só "depois agendar interlocução com partidos, governadores". Daí as entrevistas e, para hoje, o pronunciamento em cadeia de rádio e televisão -sobre "as possibilidades que se abrem agora para o país".
E hoje, segundo a Folha Online, haveria "também a expectativa de uma entrevista coletiva para a imprensa".

REPENSAR RELAÇÕES
De Bob Fernandes, que questionou Lula no debate da Record sobre democratização da mídia, em reportagem no portal Terra, da Telefônica:
- Lula comunicou que ele modificaria sua relação com a mídia, [falando] "a toda hora". O que não disse nem dirá é que não apenas nesse aspecto pretende rever suas relações com a mídia. Irá repensar, também, as relações de poder com grupos de comunicação.

AS TELES ESTÃO CHEGANDO
A Telefônica, que antes cruzou o caminho da Globo na disputa pelo padrão de TV digital, atacou no domingo da eleição. No título do site Pay-TV, "Abril conclui venda da TVA para a Telefônica". E no texto de ontem, "no longo prazo, uma das formatações é que a Telefônica assuma a integralidade". Segundo a Reuters Brasil, "a negociação reafirma uma tendência recente no mercado brasileiro, de integração de empresas de telefonia e TV por assinatura".
O foco é "conteúdo". E a Associação Brasileira de TV por Assinatura já disse que aceita as teles como sócias.

ZÉ DIRCEU, A SOMBRA
Começou no domingo à noite, na mesa-redonda da Band, com longa participação.
E prosseguiu ontem, em dois endereços inusitados. Na estatal Cultura, José Dirceu atacou um adversário direto, no confronto interno petista, dizendo "eu não acredito que o ministro Tarso Genro tenha legitimidade para propor" a tal refundação, nem mesmo "representatividade". E falou à Veja On-line, na estréia do podcast de Lauro Jardim.

O PRIMEIRO EDITORIAL
O francês "Le Monde" saiu ontem à tarde com o primeiro editorial da reeleição -sob o título "Os desafios de Lula 2".
Saiu dizendo que "é preciso saudar a ampla vitória de Lula da Silva". Na região "tentada pelo nacional-populismo de Chávez, a reeleição prova que a social-democracia é uma via que pode ser bem-sucedida". O mandato inicial conseguiu "principalmente casar, com pragmatismo, a ortodoxia econômica com o social".

BBC/Reprodução
"HOSTILIDADE EXTRAORDINÁRIA"
Nos canais de notícias pelo mundo, lá estava Lula ontem no Telesur, de Chávez, mas sobretudo -e repetidamente- na CNN, que falou em "vitória esmagadora", "festa no Brasil" e "um sonoro "sim" para o presidente Lula". Na BBC também, expressões como "vitória decisiva" ou "segunda vitória esmagadora" -que "foi ainda mais marcante porque Lula enfrentou hostilidade extraordinária da elite política tradicional e de muitos dos aliados dela na mídia".

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