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UM ANO DE LULA
Governo investiu menos de um terço do que foi aplicado por FHC em 2002
Arrocho de Lula reduz os investimentos em 70,3%
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu primeiro ano, o governo
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva investiu menos de um terço
do que foi aplicado no último ano
de mandato do antecessor, Fernando Henrique Cardoso.
Em 2002, os investimentos consumiram R$ 10,1 bilhões dos tributos arrecadados pela União.
Neste ano, deverão atingir R$ 3
bilhões, calculou ontem o ministro Guido Mantega (Planejamento). Pouco antes, ele levara os números do Orçamento ao presidente, no Palácio da Alvorada. A
queda em relação a 2002 é de
70,3%, sem considerar a inflação
dos últimos 12 meses, o que aumentaria ainda mais o valor.
"O ajuste orçamentário se fez
em cima dos investimentos", resumiu o ministro. Como o governo não pode deixar de pagar despesas obrigatórias, como o pagamento de salários e benefícios
previdenciários, o corte de gastos
se concentrou nos investimentos.
Foram contidas obras de infra-estrutura, como a recuperação de
rodovias federais, e investimentos
na área social, como o assentamento de sem-terra.
A maior parcela do corte -R$
13 bilhões em investimentos e
gastos com o custeio da máquina
pública- foi definida já no segundo mês de mandato de Luiz
Inácio Lula da Silva.
Em fevereiro, o governo federal
aumentou a meta de superávit
primário (economia que demonstra capacidade de pagar a
dívida pública) para o equivalente
a 4,25% do PIB (conjunto de riquezas produzidas no país).
De fevereiro para cá, escaparam
do chamado contingenciamento
(bloqueio de gastos) aproximadamente R$ 300 milhões.
Junto com o remanejamento de
verbas, esse dinheiro acabou reforçando o caixa de ministérios
como Saúde, Transportes, Defesa,
Cidades e Esportes, sobretudo.
Além dos R$ 3 bilhões de investimentos pagos neste ano (dos R$
14 bilhões autorizados pela lei orçamentária), o governo Lula também quitou uma conta pendente
(restos a pagar) do governo Fernando Henrique Cardoso de R$
2,5 bilhões em investimentos.
Fatura para 2004
Ainda no quesito investimento,
ficará uma fatura pendente para
2004 de aproximadamente R$ 3
bilhões, calcula o ministro Mantega. São gastos autorizados nos últimos dias do ano pelo governo e
que não poderão ser pagos até hoje (leia texto nesta página).
Os números levados pelo ministro do Planejamento a Lula foram
considerados muito bons por
Mantega. O governo teria conseguido pelo menos empenhar (o
primeiro passo em direção ao
gasto) boa parte das despesas liberadas pelo ajuste fiscal. "Vamos
empenhar 99% do limite autorizado", comemorou o ministro.
Os pagamentos efetivos deverão
alcançar, ainda segundo Mantega,
mais de 93% do que havia para ser
gasto depois dos cortes. A diferença deverá representar cerca de
R$ 600 milhões ou R$ 700 milhões. "Isso é uma sobra normal
de recursos que não se consegue
gastar", disse o ministro.
O valor deverá reforçar a meta
de superávit primário, que impõe
uma economia de R$ 39,4 bilhões
dos tributos arrecadados pela
União, sem contar com a parcela
de esforço fiscal das empresas estatais, Estados e municípios.
Ainda não há números precisos
sobre os gastos públicos em 2003
porque os ministérios podem fazer empenhos e pagamentos até
hoje, último dia do ano.
Para o ano que vem, a previsão
do governo federal é investir pelo
menos R$ 8 bilhões. É o valor dos
investimentos na versão inicial da
lei orçamentária, ampliado para
R$ 11,8 bilhões por emendas apresentadas pelos congressistas.
"Teremos um Orçamento mais
equilibrado, provavelmente sem
contingenciamento [bloqueio de
gastos], e vamos investir pelo menos uns R$ 8 bilhões", disse.
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