Campinas, Domingo, 9 de maio de 1999

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Secretários das Finanças e da Cultura estariam desgastados e insatisfeitos
Mais dois podem deixar o governo

LUCIANA FINAZZI
da Folha Campinas

A crise política desencadeada na Prefeitura de Campinas com a exoneração do secretário de Obras e Serviços Públicos Carlos Santoro pode culminar esta semana na demissão de outros dois secretários.
A Folha apurou anteontem, junto a membros do primeiro escalão, que o secretário das Finanças e dos Recursos Humanos, Álvaro César Iglesias, e o secretário da Cultura, João Plutarco Rodrigues de Lima, podem entregar um pedido de demissão ao prefeito em exercício, Carlos Cruz (PMDB), antes do prefeito Francisco Amaral (PPB) voltar da Alemanha.
Ambos estariam insatisfeitos e desgastados com os atos de Cruz.
A greve dos servidores, a suspensão judicial do decreto de Chico que corta os benefícios dos servidores municipais e a liminar que determinou a reconstrução do trecho da rua Barão de Jaguara, que estava sendo transformado em calçadão, são os principais motivos da "dança das cadeiras" que estaria ocorrendo na Prefeitura de Campinas.
Santoro pediu demissão após uma tensa reunião ocorrida na tarde de anteontem.
O prefeito em exercício cobrou o secretário por não o ter alertado das irregularidades em iniciar as obras nas praças Antonio Pompeo e Bento Quirino. Em razão do erro, Cruz teve de obedecer uma determinação judicial e suspender as obras.
O Ministério Público de Campinas impetrou uma ação anteontem devido à falta de aprovação do projeto de reconstrução da praça Antonio Pompeo pelo Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas), apesar de ter sido elaborado pela própria coordenadora do CPC (Coordenadoria do Patrimônio Cultural), a arquiteta Ana Villanueva. O secretário de Cultura é o presidente do órgão.
Segundo políticos ligados a Lima, antes da reunião com Cruz, o secretário da Cultura já teria a intenção de entregar sua carta de demissão. A Folha tentou falar com Lima, mas não conseguiu localizá-lo após a reunião.
Já o secretário das Finanças teria se sentido mal por ter deixado de "economizar" cerca de R$ 400 mil por dia devido à suspensão do decreto que extingue os benefícios dos servidores e determina o corte de 30% no número de funcionários comissionados da prefeitura.
Ele se desentendeu com Cruz porque queria cortar os benefícios em razão da crise financeira.
Iglesias teria se desgastado em razão da greve do funcionalismo, da atitude de Cruz em não manter os cortes dos benefícios já aplicados, e da retirada dos projetos de lei da Câmara que colocariam em prática mais cortes. A Folha tentou falar ontem com Iglesias, mas não o encontrou.



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