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Ministério cogita suspender uso de kit
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
O ministro Renan Calheiros
(Justiça) ameaçou ontem intervir
nos Detrans que não estejam aplicando o Código de Trânsito Brasileiro para reduzir acidentes e admitiu suspender a exigência do kit
de primeiros socorros nos carros.
Balanço sobre o primeiro ano de
vigência do código aponta redução de 21,30% no número de acidentes e de 24,73% no número de
mortes em 1998 em relação a 97.
Em São Paulo, as mortes e os acidentes diminuíram, respectivamente, 34,77% e 30,22%.
A intervenção anunciada pelo
ministro poderá atingir os Detrans
em situação desfavorável, como o
do Pará, que apresentou o maior
crescimento nos números de acidentes (74,20%), de vítimas não
fatais (65,92%) e de mortes
(59,83%). Também poderão sofrer intervenção federal os Detrans
que não prestaram ao Departamento Nacional de Trânsito informações sobre carteiras de habilitação suspensas. Isso ocorreu em
AM, AP, MS, PB, RR e PA.
Em Minas Gerais, o número de
vítimas fatais cresceu 46,36%. No
Rio, a redução foi de 20% no número de vítimas fatais e de 26% no
número de vítimas não fatais.
Para o ministro, os motivos do
desempenho negativo de alguns
Detrans será apurado.
A intervenção é prevista no artigo 19 do código, desde que "comprovada, por meio de sindicância,
a deficiência técnica ou administrativa ou a prática constante de
atos de improbidade contra a fé
pública, o patrimônio ou contra a
administração pública".
A obrigatoriedade do kit de primeiros socorros poderá ser revista
na próxima reunião dos novos diretores de Detrans, que deverá ser
definida na próxima semana. "O
novo código é uma obra humana
sujeita a falhas", disse o ministro.
Segundo levantamento do ministério, cerca de 70% dos acidentes ocorrem de dia, em vias retas e
com tempo bom. As principais
causas dos acidentes são excesso
de velocidade, ultrapassagens indevidas e embriaguez. Segundo o
balanço, quase 6.000 vidas foram
poupadas com o código, número
calculado com base na diferença
entre as estatísticas sobre mortos
verificada nos dois últimos anos.
O Espírito Santo liderou os dados sobre redução da violência no
trânsito. O número de mortes diminuiu 45,19% no mesmo período, o número de pessoas acidentadas caiu 67,39% e o número de
acidentes diminuiu 60,52%.
O governador Almir Gabriel
(PSDB) disse à Folha que parte do
crescimento da violência no trânsito no Pará pode ser atribuído à
melhoria das estradas no interior.
"Infelizmente, quanto mais melhora a qualidade das estradas,
mais aumentam os acidentes."
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