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USP tenta fazer 1ª linhagem 100% brasileira
DA REPORTAGEM LOCAL
Cientistas brasileiros em
biomedicina de ponta também se deparam com problemas alheios ao fantasma da
ação de inconstitucionalidade, e uma reclamação freqüente é a burocracia na importação células-tronco embrionárias humanas. Esse
entrave seria eliminado se o
Brasil criasse suas próprias
linhagens dessas células,
mas o único grupo do país
que já tenta fazer isso não
têm notícias muito boas para
dar, por enquanto.
Desde 2006, o Laboratório
de Genética Molecular do
Instituto de Biociências da
USP já recebeu células de 15
embriões (doados por uma
clínica de reprodução assistida) para tentar derivar delas
uma nova linhagem de células-tronco humanas (veja
quadro abaixo, à esquerda).
Três deles geraram células
que não se multiplicavam,
nove geraram células sem a
desejada capacidade de diferenciação (a chamada pluripotência) e restam três tentativas para o atual "pacote"
de embriões se esgote.
"Por conta do número limitado de embriões que
existem, optamos por trazer
especialistas dos EUA no ano
passado para nos ensinar os
passos críticos e treinamos
uma série de alunos nas diferentes etapas, em uma primeira rodada" conta Lygia
da Veiga Pereira, que dirige o
laboratório. "Estamos na segunda rodada, com o pessoal
treinado, e espero completar
isso até a metade do ano. Mas
não dá para saber."
A limitação no número de
embriões disponíveis para
pesquisa se deve, em parte, à
Lei de Biossegurança, que só
permite o uso de material
congelado em clínicas de reprodução assistida antes de
2005. "Outra dificuldade é
que só estão congelados
aqueles embriões que não
eram muito bons [os melhores são os usados pelas clínicas], e o processo de descongelamento também causa algum dano", diz Pereira. "Estamos aí penando com essas
coisas todas."
Por enquanto, o único laboratório que colabora com
o da pesquisadora na tentativa é o de Stevens Rehen, na
Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Para Pereira, porém, qualquer ajuda será
bem vinda.
"Temos de unir esforços
neste momento. Estamos
com quase dez anos de atraso
nessas pesquisas. As primeiras linhagens de células-tronco embrionárias humanas foram estabelecidas nos
Estados Unidos em 1998",
diz a cientista. "Tendo autonomia e podendo treinar
gente para fazer isso, nós podemos inovar, mas nós ainda
não fizemos nem o feijão-com-arroz. Uma vez que nós
consigamos fazer isso, chegamos a 1998."
(RG)
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